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sexta-feira, setembro 13, 2024

Coisas ligeiramente despropositadas

 

Gosto bastante de objectos concebidos por (bons) designers. Geralmente a gente olha com algum espanto mas depois conclui: 'Olha, está bem visto, sim senhor...'. Ou ocupam pouco espaço ou são inesperadamente eficientes ou são ergonómicos ou são curiosamente inventivos... e a gente olha e vê que há ali golpe de mestre. Onde encontrei mais e mais interessantes lojas com artigos de design talvez tenha sido Amesterdão. É de uma pessoa se perder. 

Além disso, na presença de objectos com um bom design fica-se com a sensação de que somos intelectual e esteticamente desafiados e isso é muito aliciante. Pelo menos para mim é.

Mas depois há o reverso: a provocação, a gargalhada que se solta... 

Acredito que para muita gente isto que vou mostrar seja um perfeito disparate. E eu não digo que não seja. Mas divirto-me, acho que só alguém com um grande sentido de humor pode fazer coisas assim. Imagino o que a brilhante Katerina Kamprani deve divertir-se a fazer as suas travessuras. E imagino a vontade de rir que deve dar (tentar) usar estes objectos.

Por exemplo...

Cadeira para gente magrinha e flexível



Cadeira para quem tem o rabo metido para dentro



Copo para quem tem uma cabecinha pequena que encaixe bem no copo



Flutes para casalinhos



Garfo para pessoas delicadas



Óculos para quem tem olhinhos ao lado



Regador que rega o regador



Agulha para coser duas costuras ao mesmo tempo


Useless Design – How Some Everyday Items Are Brilliant Inventions!

What do two, intertwined cups, open rubber boots and a twisted watering can have in common?  They show how ingenious some everyday inventions are. Artist Katerina Kamprani shows off some of the designs which she's has created for the project "The Uncomfortable."



Dias felizes

quinta-feira, setembro 12, 2024

Sempre me pareceu que a maior arma contra os narcisistas, em especial os psicopatas, é o humor.
Gozar com eles, tirar-lhes o tapete, pô-los a ridículo, fazer com que exponham a sua prosápia, a sua bazófia, mostrar que são sacos de vento, que dentro deles apenas têm o próprio ego, um ego inflado, desmesurado.
E este Trump mostrou (uma vez mais) que, além disso, é parvo, um estupor, um trapaceiro, um bocas, um aldrabão, um desavergonhado.
Mas nada como gozar com eles, rir deles à cara podre, fazer com que toda a gente perceba que anormais assim não podem ser levados a sério

 

A ver. É um tema que, sob qualquer ponto de vista, tem a ver connosco.

Monólogo AO VIVO: Harris irrita Trump | Comer cães e gatos | O apoio de Taylor Swift a Kamala

Stephen Colbert delivers his LIVE monologue following the first debate between VP Kamala Harris and former president Donald Trump.


Jon Stewart aborda o debate de Harris e Trump e o que isso significa para a eleição 
 | The Daily Show

Jon Stewart goes live after the first presidential debate between Kamala Harris and Donald Trump. Filled with face-offs over abortion access, border control, and for some reason eating cats? Jon breaks down what this all means for the election


quarta-feira, setembro 11, 2024

Quando li em voz alta o título da notícia sobre o que Madame Gago contou na Assembleia da República e em que se diz que "Há 10.553 pessoas sob vigilância telefónica" o meu marido soltou um tonitruante F....-SE

 

E a mim apeteceu-me dizer algo ainda mais veemente, soltar os cachorros, pôr-me à janela a gritar. Mais de 10.000 pessoas estão sob escuta em Portugal???? A sério?!?!?!  Está tudo louco ou quê? 

Notícia no Expresso: Lucília Gago diz que escutas e detenções prolongadas pelo MP são "situações excecionais"; Há 10.553 pessoas sob vigilância telefónica

Este mundo é, sem dúvida, um lugar perigoso.

O Trump é um doido varrido, descontrolado, aldrabão e descompensado e deve andar a comer gatos e cães ao jantar para estar no estado demencial em que está.
Kamala é segura, é decente, é educada, tem uma visão equilibrada do mundo e da vida, fala claro, é estruturada e é directa.
Os entrevistadores estão a ir muito bem.

 

Custa a crer que um maluco como Trump tenha tantos apoiantes. O risco de a humanidade se destruir é real quando há tanta gente tão estúpida, tão burra, tão influenciável que vai na cantiga de um anormal como Trump.

Se Kamala Harris não ganhar as eleições não é apenas um drama para os Estados Unidos, é também um drama para o mundo.


PS:  David Muir, o entrevistador, é certeiro, tem muito estilo e uma presença fantástica. Para além disso, tem uma voz... Caraças, que voz...

Irineu Teixeira, Mário Carneiro, Rosa de Oliveira Pinto -- o que têm em comum?

 

Nunca tive muita paciência para pessoas histriónicas, muito menos para narcisistas. 

Aprecio a contenção, a civilidade, a capacidade de escuta. Aprecio a inteligência e a perspicácia quando usadas com um propósito que não o da auto-exibição.

Muitos dos jornalistas que pululam nos nossos canais pertencem sobretudo ao primeiro grupo: não prestam atenção aos entrevistados, estão ali com ar castigador, parece que querem ajustar contas com os convidados, parece que querem apanhá-los em falso, não os deixam falar, interrompem-nos a torto e a direito. Muitas vezes apresentam-se de má catadura ou, então, com ar irónico, quase mal educados. Cansam. Cansam-me muito.

E quem diz jornalistas, diz também entrevistados: há os que gostam de se armar em espertos, exibindo a cada passo da conversa que bebem do fino, que têm acesso a inside information, que são muito bons.

Depois há uma minoria de jornalistas ou convidados tranquilos, seguros, atentos, bem educados, frequentemente com ar distendido, sereno. Sorriem muitas vezes enquanto falam, inspiram confiança, sabem manter uma conversação calma, apetece ouvi-los. 

Qualquer dos três referidos em epígrafe é assim. 

Depois do pressing das redes sociais e da concorrência entre canais em que os gestores acham que o que 'dá canal' é ser agressivo, tentar 'entalar' os entrevistados, estimular os conflitos entre os comentadores, haverá de chegar ao ponto de equilíbrio em que se perceberá que o que retém os espectadores é proporcionar espaços em que se aprenda alguma coisa, em que se deixem as pessoas falar, em que haja respeito, boa educação, em que se consiga falar de qualquer tema com amabilidade e tempo.

Poderia incluir também o Vítor Gonçalves, que também sabe ouvir e ser cordato. Se calhar há outros mas, assim de repente, não estou bem a ver.

terça-feira, setembro 10, 2024

Time out

 

Tive um dia bastante complicado. Nem me apetece falar no assunto pois, sobre ele, pode falar-se de muitas maneiras mas a que mais me convoca remete para o sentido da vida. Mas como não serei a pessoa mais indicada para conversas que visitam o fundo da noite, acho que mais vale abster-me. 

Prefiro descansar, física e emocionalmente, deixar assentar, distrair-me e, então, com algum distanciamento, falar. De qualquer forma, primária como sou, se calhar bastará um par de dias para me sentir mais estável, mas tranquila.

Além disso, mesmo no meio de cansaços, tormentas e desgastes, tendo a ser optimista e, nessa perspectiva, quero convencer-me que hoje dobrei um cabo das tormentas. Não está totalmente dobrado, e com que esforço o dobrei, talvez até esteja ainda um bocado longe disso, não sei, mas quero acreditar que o pior desta fase foi hoje ultrapassado e que o que falta será menos difícil. Quero acreditar nisso. Conforta-me pensar nisso.

Mas tenho sono, praticamente não dormi, durante a noite não tinha sono, e tive que me levantar muito cedo, e todo o dia me esgotou. Por isso, agora não consigo disfarçar, fingir que estou noutra, esparvoar. Preciso é de descansar, de descontrair, de relativizar, de pôr para trás das costas. Sou boa nisso. Por isso, amanhã talvez até já pareça estar fresca.

Portanto, assim sendo, contando com a vossa compreensão, por hoje fico-me por aqui.

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The Parting Glass - Loreena McKennitt

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Dias felizes

segunda-feira, setembro 09, 2024

Quando as mulheres divorciadas soltam a franga

 

Se calhar é porque ainda me sinto a modos que na silly season. Não digo que não. Mas são tantas as cenas. Por exemplo, agora acabei de ouvir o Marques Mendes a confessar que aprendeu uma palavra nova no Campus da Liberdade da IL: genuflexório. Pareceu-me que estava a falar a sério. E não sei se foi com vergonha de parecer menos totó que ele mas a Clara de Sousa disse que também não sabia. Eu que não tenho ideia de alguma vez me ter ajoelhado numa igreja claro que conhecia o nome da coisa. Caraças. Mais vale desistir já da ideia de se candidatar. E não é por ser frouxo a nível de vocabulário, é por ser tão parvinho que ainda vem gabar-se disso. 

Mas o tema de hoje não é o défice vocabular do putativo candidato a PR nem a falta de esperteza dos entrevistadores que não são capazes de perguntar aos directores da polícia, ao director dos guardas e aos próprios guardas porque é que não se lembraram de olhar para as imagens das câmaras (agarram-se àquilo de não haver gente nas torres de vigilância e não percebem que seria mais fácil se estivesse alguém com atenção a olhar para os ecrãs onde passam as imagens captadas pelas câmaras): o tema hoje são as mulheres divorciadas que, mal se apanham solteiras, livres e boas raparigas, soltam as amarras que existiam dentro delas.

Veja-se a Catarina Furtado. Desdobra-se em entrevistas, que a culpa também foi dela, que agora já vai ser melhor namorada e mais não sei o quê. E diz que está numa fase toda xpto, mais picante e tal e coisa. E faz sessões fotográficas em que se mostra mais sexy, nomeadamente nua na banheira, com arzinho de atrevidota e coiso.

Catarina Furtado mostra-se nua na banheira

É como a Jennifer Lopez. Desde que se separou do Ben Affleck que se mostra mais poderosa que nunca. Agora apareceu de uma maneira que toda a gente a abençoou. Um vestido que vai lá, vai. Quase que poderia parecer um aventalinho mas está bem, está. Não sei se nas costas tem um letreiro a dizer: 'desfaz-me os lacinhos, se faz favor' ou se 'ora chupa, ó Ben Totó'

Jennifer Lopez em vestido Tamara Ralph na passadeira encarnada do Festival International du Film de Toronto, no dia 6 setembro 2024. SPUS / SPUS/ABACA

E até poderia recuar aos tempos em que a malograda Lady Di usou o chamado 'vestido da vingança' ao aparecer pela primeira vez em público após o marido ter admitido publicamente ter um caso extra-conjugal.

Uma lição sobre o dress code para enfrentar o mundo depois de um marido anunciar que afinal há mesmo outra

Acho muito bem. 

Mais. Que isto nos sirva de ensinamento. Por exemplo, mero exemplo, se um dia virmos a Santa Isabel Jonet, a ilustre Madama Cavaca ou mesmo a Senhora Dona Esposa de Marques Mendes ou qualquer outra senhora do género aparecerem descascadonas, a anunciarem-se picantezonas, já sabemos: o sagrado matrimónio foi à vida.

Tirando isso, pode falar-se de quê? Não sei. 

Só se for sobre o facto do Montenegro ainda não ter capturado, ele próprio em missão, os 5 foragidos. Mas isso não é notícia. Ninguém estaria à espera de tal proeza. Na volta deve andar a ver se angaria, ele mesmo, professores para preencher as vagas nas escolas. E riam-se, riam-se. Julgam que estou a brincar? Olhem que não, olhem que não... Sei de fonte segura que é menino para se ocupar com coisas do género (embora não necessária ou não exclusivamente com professores -- e não me peçam detalhes pois tenho por hábito proteger as minhas fontes). 

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Uma boa semana a começar já nesta segunda-feira

domingo, setembro 08, 2024

Luís Montenegro anda por aí num carro-patrulha à procura dos presos em fuga?
Pergunto.
É que quero ficar descansada...

 

Andei ocupada todo o dia e agora tenho os quartos todos ocupados por meninos que, antes de se recolherem aos seus aposentos, perdidos de sono como estavam, desataram a embirrar uns com os outros). 

Ou seja, entre jardinagens em força durante o dia, idas ao supermercado e etc. e, depois, o são convívio com a juventude,  não me deu para acompanhar as notícias. 

Só quando, ao fim da tarde, íamos no carro buscar alguns dos meninos é que ouvimos o sucedido. Um fartote. Câmaras sem funcionar, escadas postas para dentro a partir do exterior, falta de vigilância de cabo a raso agravada por uns estarem de baixa, outros de férias. E à plena luz do dia. E também só deram por isso 2 horas depois. É um clássico deste Governo. Vigilância a instalações que deveriam estar bem seguras, em tempo real, é coisa que não lhes assiste. Sempre umas horas depois para dar tempo aos ladrões para se porem ao fresco à vontade (â vontade e... e à vontadinha). 

Lindo. Isto numa prisão de alta segurança. O que será isto numa prisão normal...? Na volta os guardas andam com os presos ao colo e às cavalitas para onde eles quiserem, de preferência deixando escadas, escadotes e cordas com fartura para se poderem servir à vontade.

Mas uma coisa me deixou descansada. Ouvi que o Montenegro andava a acompanhar de perto a operação. À hora a que escrevo parece que já lá vão para cima de 13 horas e ele ainda não conseguiu deitar-lhes a mão. Deve andar por aí, num carro-patrulha a dar-lhes caça. Conhecido por se emplastrar no meio das operações armado em rambo de pacotilha, só estranho ainda não o ter visto na televisão (mas, se calhar, é porque não tenho visto televisão...). 

Não sei se a ministrinha da AI (note-se: AI de Administração Interna e não de Artificial Intelligence), a rambinha troloró, também não andará com ele, quiçá de algemas penduradas no cinto, quiçá de cassetete em punho e com aquele ar vagamente alucinado. 

Já a da Justiça, Júdice de ascendência, é menina de outro gabarito, menina fina, imagino que não ande por aí armada em saloia, a armar-se ao pingarelho. Valha-nos isso. Mas isto sou eu a supor. Vai que o Montenegro acha que bom, bom mesmo, é ela montar-se também num carro patrulha e andar por aí a fazer operações stop. Nunca se sabe até onde chega a coisa.

Tirando isso, não sei que mais diga. Poderia talvez dizer a receita do jantar pois comeram que se lamberam (um salmão feito de uma maneira de que gostaram bastante) mas, não sei porquê, parece que não ficará aqui lá muito bem enquadrado.

Por isso, vou mas é ficar-me por aqui.

E um bom dia de domingo para todos.

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PS: O Bugalho estará a precisar de uns trocos adicionais?  Só pode, não é? Já o Expresso, estará a recisar de quê para o ter contratado. Há coisas que não se percebem.

sábado, setembro 07, 2024

Quando as coisas podem ser muito boas e muito más

 

Quantas vezes já aqui falei dos tremendos benefícios da Inteligência Artificial e dos tremendos riscos se não houver um apertado, sérios e muito rigoroso controlo na sua utilização? Muitas, muitas.

Sou assídua utilizadora do ChatGPT, uma das mais extraordinárias ferramentas de uso comum, ou de outros tipos de IA. Na Saúde a IA deve vir a proporcionar incríveis avanços. Mas em todos os ramos do saber se sentirá um incremento exponencial na precisão e na rapidez dos processos de decisão.

Mas os riscos, senhores, os riscos...

Se já estamos a ver os riscos de termos ferramentas de uso tão geral, tão ubíquo, tão intenso (como o X, ex-Twitter, o Facebook, o Instagram, o WhatsApp) nas mãos de gente estranha, auto-centrada, mais amiga de regimes autocráticos do que de regimes democráticos, gente que não respeita a legislação dos países em que opera, gente não por acaso apoiante de Trump, não será difícil antever os riscos de potentes motores de Inteligência Artificial nas mãos de quem se está nas tintas para regulações ou constituições 'locais'.

E uso a expressão 'locais' pois é assim que as grandes empresas tecnológicas que operam em vários países, em vários continentes se referem à legislação desses países. Respeitar as diferentes 'localizações' é daquelas maçadas a que se obrigam se contratualmente a isso estiverem vinculadas. Não o estando, é para o lado em que se deitam melhor.

No Brasil, exigiu-se que houvesse no Brasil alguém que respondesse pelo X. Não há como não há em quase todo o lado. E do Facebook há em Portugal? Ou do Instagram? Ou de tudo isso...? Um dia que se queira reclamar, bate-se a que porta?

A questão é que o Elon Musk se está nas tintas. Proibir  X no Brasil...? Está bem, está? Tecnicamente como é que isso se garante? 

Esta gente é fora-de-lei, é gente que pensa de outra maneira. Não querem saber de danos colaterais, não querem saber de problemas éticos, de questões constitucionais. É gente que está noutra. Um perigo.

A Inteligência Artificial pode ser um precioso auxílio para o desenvolvimento, para a democracia. E para a humanidade. Mas também pode ser totalmente destrutiva.

O vídeo abaixo é muito interessante. 

Yuval Harari fala sobre lançamento de Nexus e inteligência artificial! | 

Conversa com Bial

Yuval Harari, escritor israelense e autor do best-seller internacional Sapiens: Uma breve história da humanidade, se desdobrou no consumo da informação e na comunicação desde a idade da pedra até a inteligência artificial em seu novo livro Nexus: Uma breve história das redes de informação. No #ConversaComBial, o autor debateu sobre os prós e contras da evolução da comunicação atual 


Dias felizes

sexta-feira, setembro 06, 2024

Quando a ciência pula e avança:
ou é o medicamento para o peso em excesso que afinal retarda o envelhecimento e reduz a mortalidade ou é o simples corante alimentar que torna a pele transparente permitindo ver o que se passa dentro dos corpos...
(Quem sabe se não estamos à beira de um salto quântico no prolongamento da vida (saudável)...?

 

Tratamentos assim e assado, testes, experimentações, cenas promissoras que afinal se revelam limitadas no âmbito ou na implementação mas que, de uma forma ou de outra, contribuem para os avanços que têm permitido que a esperança de vida se vá prolongando e que, quando é chegada a hora, muitas vezes a 'passagem' se faça com menos sofrimento. Dito assim, pode parecer pouco. Parecem pequenos passos, um pouco mais do mesmo. 

Engano: isso não é pouco, a vida é assim mesmo. Na maior parte das vezes, um dia pouco difere da véspera. Há recuos, há compassos de espera e há baby steps. 

Estamos onde estamos porque, apesar de tudo, muito de relevante tem acontecido.

Mas. depois, há coisas inesperadas que fazem com que, de onde menos se espera, surja a esperança de descontinuidades virtuosas. Ao longo da história da medicina, há momentos fulcrais que fazem toda a diferença. Aí os avanços não são simples incrementos, são verdadeiros achados que mudam o rumo da história, ou pelo menos, abrem brechas através das quais os cientistas conseguem abrir espaço a uma esperança cheia de luz.

Dois exemplos.

No outro dia era a notícia de que:

"Medicamentos para emagrecer ‘retardam o processo de envelhecimento’, sugerem cientistas. 

A semaglutida – contida no Ozempic e no Wegovy – tem “benefícios de longo alcance”, com taxas de mortalidade mais baixas por todas as causas.

Os medicamentos para a perda de peso estão prestes a revolucionar os cuidados de saúde, ao abrandar o processo de envelhecimento e ao permitir que as pessoas vivam mais tempo e com melhor saúde. Esta é a mensagem dramática dos principais cientistas após a apresentação de estudos na semana passada na Conferência da Sociedade Europeia de Cardiologia, em Londres.

(...)

[Ler artigo completo no Guardian]

Imagino que várias novas frentes de investigação se abram a partir daqui. E fico esperançosa nos seus bons resultados.

Hoje uma outra notícia me parece empolgante. Neste caso ainda não foi testada nos humanos mas forçosamente se avançará por aí e, creio, muito rapidamente.

Corante alimentar comum torna a pele e os músculos temporariamente transparentes

Investigadores dizem que procedimento ainda não testado em pessoas pode eventualmente ser usado para ajudar a localizar lesões ou tumores.

Os investigadores examinaram os cérebros e os corpos de animais vivos depois de descobrirem que um corante alimentar comum pode tornar a pele, os músculos e os tecidos conjuntivos temporariamente transparentes.

A aplicação do corante na barriga de um rato tornou o fígado, os intestinos e a bexiga claramente visíveis através da pele abdominal, enquanto a aplicação no couro cabeludo do roedor permitiu aos cientistas ver os vasos sanguíneos no cérebro do animal.

A pele tratada recuperou a sua cor normal quando o corante foi removido, de acordo com investigadores da Universidade de Stanford, que acreditam que o procedimento abre uma série de aplicações em humanos, desde a localização de lesões e veias para tirar sangue até à monitorização de distúrbios digestivos e à detecção de tumores.

(...)

[Também aqui, artigo completo no Guardian] 

 Groundbreaking Process Makes Skin Invisible

Researchers at Stanford University have developed a way to make skin and other tissues transparent using a simple food dye, a reversible technique with potential for revolutionizing internal medicine. In this clip, thin slices of chicken breast become transparent on exposure to the dye yellow #5.

Using a common food dye, researchers made mouse skin transparent

What if you could apply a substance on the skin, much like a moisturizing cream, and make it transparent, without harming the tissue? In a study published in Science, Stanford Engineering researchers were able to see, with the naked eye, organs within an animal’s body, by simply applying a common food dye. The process is completely reversible and appears to leave no lasting effects on animal subjects. 

The researchers believe this novel technique is the first harmless, non-invasive approach to achieving visibility of an animal’s living internal organs. Looking forward, this technology could make veins more visible, easing the process of venipuncture. Moreover, this innovation could potentially replace some X-rays and CT scans, assist in the early detection of skin cancer, and make laser-based tattoo removal more straightforward.
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Dias felizes

quinta-feira, setembro 05, 2024

A teoria do caos em palavras simples, palavras ao alcance de qualquer borboleta

 

O meu marido lesionou-se, anda a fazer fisioterapia. Tanto serra, tanto poda, tanto carrega que o ombro deu de si. Poderia ter paciência para fazer o que qualquer pessoa faz: ficar quieto, pôr gelo. Não tem. Mas de tarde pôs-se a ver um filme qualquer na Netflix e a seguir pôs-se a ler. Pensei que estava a levar a sério a recomendação de alguma contenção.

Entretanto, ao fim da tarde, quase noitinha, fui regar umas zonas não abrangidas pelo sistema de rega bem como vasos. Quando regressei, estava o pátio cheio de ramos e de folhas e andava ele com um serrote com um cabo de uns dois metros a cortar os rebentos ladrões da buganvília, uns ramos gigantes que crescem espetados em direcção ao céu. 

Entretanto anoiteceu, ficámos ali, já de luz acesa, a varrer e a limpar as mesas, as cadeiras, estava tudo cheio de flores e folhas, ele a juntar os ramos. Depois ainda fui regar outros vasos. Gostei de andar por ali nestas andanças já de noite.

O cão mais fofo também estava feliz, andava a brincar em nossa volta.

Tirando isso, posso acrescentar que estive a ler um livro do Paolo Cognetti, 'Sem nunca chegar ao fim'. Foi a minha filha que me empestou. Infelizmente já não foi traduzido pelo Pedro Tamen, que trazia uma sensibilidade poética muito especial aos livros anteriormente publicados em Portugal. Mas, ainda assim, é um livro sereno, um daqueles livros que me trazem prazer. Não há aventuras escaldantes, crimes inexplicáveis, dramas de caixão à cova. Há a descrição de uma caminhada na montanha. E eu acho isso maravilhoso.

Pelo meio, estive a escrever. Tinha uma ideia em mente mas, nestas coisas, as palavras têm vida própria. E estão a levar-me por outros caminhos. Quando acabei fiquei de olhos fechados a pensar: 'Para onde é que estou a ser levada?'. 

Há uma dose grande de imprevisibilidade nisto tudo.

Por exemplo, na minha vida recente aconteceu uma coisa completamente improvável. Aliás, uma sucessão de coisas absolutamente improváveis. Não só improváveis como, até, inexplicáveis. E nem vale a pena eu tentar compreender pois são eventos alheios que escapam totalmente ao meu controlo. O que sei é que, face a isso, estou agora metida em trabalhos em que até há duas semanas nem pensava. O que esteve na origem de tudo não consigo nem imaginar. Se fosse ficção, eu acharia inverosímil. 

É aquilo de que o bater de asas de uma borboleta aqui pode provocar um tufão no outro lado do mundo.

A simple guide to chaos theory - BBC World Service

According to classical physics and the laws of Isaac Newton, it should be easy to predict the behaviour of objects throughout the universe with relative ease.

But in 1961, a meteorologist unwittingly discovered this was not the case – that there was a lot more uncertainty around us. Here's how chaos theory and its butterfly effect, has changed the way we think about our Universe.


Dias felizes

quarta-feira, setembro 04, 2024

O leopardo das neves é forçosamente o mau da fita?

 

Não me pronuncio sobre o caso de um relatório que deu à luz nove anos depois dos factos analisados: la Miss Swaps era ministra das Finanças quando Pinto Luz, actual ministro, era Secretário de Estado e quando lo passista mas passista de todos los passistas, Passos Láparo de seu nome, era primeiro-ministro e quando parece que todos engendraram um esquema para venderem la TAP sendo que los compradores terão comprado la TAP com lo pelo de lo próprio cão e que terão engendrado um esquema de se banquetearem com bonus, quiçá, limpos de taxes ou, pelo menos, más limpos. Não me pronuncio porque está tudo torto nisto a começar nos entortados que levam quase 10 anos a elaborar um relatório sobre um tema tão relevante e a acabar no possível embaraço de ver os impolutos passistas, los más amigos do joker Montenegro, o tal que ri com risinho jocoso como se tivesse uma folgada maioria e pudesse fazer o que muito bem lhe der na mona, todos envolvidos na novela TAP. E eu não me pronuncio pois só me apetece enfiá-los a todos no mesmo saco de gatos e deixá-los a arranharem-se uns aos outros com câmaras de Big Brother lá dentro, a passar na TVI 24 horas por dia com o Goucha, vestido de sorvete a interrogá-los não faço ideia a propósito de quê.

Quanto ao Orçamento de Estado para 2025 o que tenho a dizer é que acho que o PS o deve chumbar se o PSD insistir em incluir a descida do IRC, a descida do IRS jovem (em vez de uma descida generalizada de IRS para toda a gente). E já nem falo na aberração da borla do IMT para jovens. O PS não pode deixar passar aberrações. Se os da AD querem fazer parvoíces que as façam sozinhos. Se sozinhos não conseguirem fazê-las, azarinho, não as façam.

O meu dia não foi fácil e chego a esta hora e só me apetece descansar a cabeça. A sério. 

Mas, por motivos que desconheço, tenho o dog de guarda a ladrar freneticamente, ininterruptamente, parece que em resposta aos do lado que ladram igualmente à força toda. Provavelmente é o gato branco, o tal esfingíco, quase sem pelo, quase assustador, que anda outra vez a desafiar a paciência da bicharada aqui da zona. Já devo ter falado dele. Põe-se a olhar para nós, quase como se nos desafiasse. Sei que é um gato porque não é um coelho nem um esquilo, muito menos um cão ou uma rola, mas é um gato deveras estranhíssimo. Quando o cãobeludo dá por ele, salta, corre e eu grito, chamo por ele, em pânico, com medo que estraçalhe o gato. Nem quero pensar. O que vale é que o gato, que parece hipnotizado a olhar para nós, quando se sente perseguido pelo dog, salta e corre e trepa e consegue salvar-se. Quando o dia dobra, põe-se a gemer aqui no jardim, geme como nem sei bem o quê, talvez como uma velha desdentada e desolada, talvez como um bebé diabólico. Supostamente está a miar mas é mais um choro pungente, prolongado, intenso. A minha filha no outro dia disse que se calhar é uma gata com cio. Não sei, não faço ideia.

No outro dia, estava eu numa cadeira ao sol a ler quando dei por mim a sentir-me observada. Olhei em volta. Pois bem. Em cima do muro, perto de mim, um gato normal, cinzento raiado, olhos claros, lindo, não muito grande. Gostei dele. Mas nunca mais o vi. 

Às tantas, de noite, há orgias felínicas no jardim. O pior é que os cães, que não são de números destes, desatam a ladrar, possessos. No outro dia, de madrugada, era o gato a lamuriar-se alto e bom som e um dos cães dos vizinhos a uivar, outros a ladrarem e o nosso, que deve ter equacionado a que turma se juntar, desatou também a uivar. Acordámos com este concerto.

E é isto. 

O que também é extraordinária é a vida dos animais nos penhascos. Rochedos íngremes, esfarrapados, os animais a terem que andar a ver onde pôr as patas. Não podem ter descanso nem flanar com a cabeça na lua. Qualquer passo em falso pode ser a morte do artista. Ainda por cima com o passaredo rapinoso à espreita e com o belíssimo, belíssimo, leopardo das neves a rondar. Vagaroso, confundindo-se com as sarapintas das rochas, silencioso. E os pobres bebés, coitados, ali tão à mão de semear. E a gente vê e assusta-se, dá-se logo à empatia, coitado do cabritinho. Como se o leopardo não tivesse direito a alimentar-se. Como dizia hoje uma vizinha da rua da minha mãe, 'isto a vida não está fácil é para ninguém'. Ah pois não.

Ah, é verdade, não sei se isto do leopardo das neves é uma metáfora ou se é apenas uma coincidência. Ou nem isso. Não sei.

Baby Goats do Parkour to Escape a Leopard | Animal Babies | BBC Earth

Markhor goats face perilous mountain ranges, fearsome wolves and formidable eagles. However, no opponent is more menacing than the snow leopard. These elusive cats may have evolved to hunt, but the markhor goat kids were built to survive.


Dias felizes

terça-feira, setembro 03, 2024

Como a matemática traz ordem ao nosso Universo

 

Quando de manhã saí de casa, ia, como sempre, meio aluada, a olhar para o céu, a perceber a intensidade e o sentido da ondulação das árvores que já fazia antever a ventania que à tarde se faria sentir. Ia com o telemóvel na mão pois posso sempre receber uma chamada ou uma mensagem ou pode surgir algum motivo para ser fotografado. 

E, então, sem que estivesse para tal preparada, vi um esquilo aqui mesmo ao pé de casa. Estava no caminho. Olhou para mim e deixou-se ficar. Pus-me de roda do telemóvel, à procura da câmara. Quando avancei, num ápice, subiu ao pinheiro mais próximo e ficou ali, ao alto, a observar-me. Pé ante pé, aproximei-me, ainda com a ideia de o fotografar. Mal levantei os olhos do telemóvel já ele tinha desaparecido.

Andei de volta do pinheiro mas já não o vi.

Entretanto, sob os pinheiros, quase por todo o lado, há incontáveis pinhas roídas. Vejo agora também muitas bolotas no chão.

Fui lá para baixo caminhar. Parei para olhar lá para cima, para o pinheiro onde ele tinha estado. Nada. Tinha desaparecido. Quantos mais animais haverá escondidos nas ramagens, nas tocas, atrás de pedras?

Estava nestes pensamentos, absorta, quando olhei em frente. Até me arrepiei. Estava à minha frente. Parado. Claro que não sei se é o mesmo. O meu marido diz que acha que há vários.

Fiquei parada. Ele olhou para mim e depois, de novo num passe mágica, desapareceu.

Qual a amplitude dos saltos, qual a velocidade, qual a função matemática que descreve os seus percursos, isso eu não sei. Mas, tivesse eu uma câmara, certamente lá chegaria.

Se eu dissesse isto que acabei de escrever a alguns dos meus netos para lhes mostrar a abrangência e a beleza da matemática, perguntar-me-ia: 'E para que é que serve saber quais as funções matemáticas que descrevem os saltos, as corridas, os percursos dos esquilos?'. E eu talvez não tivesse na ponta da língua a resposta que inequivocamente demonstraria que é melhor conhecê-las do que desconhecê-las.

É que poucas coisas há no mundo, na natureza, na vida, que não sejam susceptíveis de serem modelizados, analisados (qual o padrão que seguem, como se distribui a frequência de ocorrências, etc) e, a partir daí, efectuar previsões, detectar desvios e o seu significado, etc. 

Claro que nem todas as abordagens à matemática são iguais. Há quem seja super estudioso, quem não dê um passo sem percorrer os cânones, sem ter a certeza da fundamentação de cada raciocínio. Nunca fui assim. Sou muito intuitiva. Sou de me atirar de olhos fechados, frequentemente sem ser capaz (ou, melhor, sem paciência) de explicar como lá cheguei. Quando estudava e os meus conhecimentos eram postos à prova, acontecia-me muito, mesmo sem querer, ver-me colocada em piloto automático, a dar respostas imediatas mesmo a problemas complexos. A sensação que tinha era que atirava ao calhas. Como geralmente acertava, ganhei a fama de inteligente. Ainda hoje quando me encontro com os colegas da altura, referem situações em que 'dei baile' ou coisas do género. Em geral não me lembro de nada disso. Lembro-me, sim, que, na altura, quando mostravam o seu espanto, eu achava que, na volta, eu era um bluff, que dizia a primeira coisa que me vinha à cabeça e que, apenas por mera coincidência, acertava.

Hoje sei que o cérebro tem mecanismos de tipo 'atalhos' em que, a partir de certos indicadores que o cérebro capta, os neurónios estabelecem circuitos super rápidos. Claro que isso é involuntário e independente da nossa vontade. O que eu poderia fazer, voluntariamente, era determinar-me a não dar ouvidos à minha intuição. Mas nunca o fiz. Por preguiça e talvez pelo prazer de correr riscos, sempre tive, sobretudo, a tentação de me deixar ir, às cegas. Claro que hoje, também sem querer, já tendo a ser mais prudente. Mas isso traz-me maior insegurança e maior consciência das minhas limitações.

E se estou com esta conversa é porque estive a ver vídeos sobre a intuição em matemática versus o suposto 'rigor' matemático. Interessantíssimo, interessantíssimo.

Mas porque podem ser um bocado herméticos ou desinteressantes para quem não goste especialmente do tema, tenho aqui um vídeo que me parece de interesse mais geral.

Como a matemática traz ordem ao nosso universo | Talítia Williams

A estatística Talithia Williams sobre como a matemática é o caminho mais claro para a compreensão da nossa existência.

O que tem a matemática a ver com a teologia? De acordo com a Dra. Talithia Williams, professora de matemática e comunicadora de ciências, bastante.

Em pouco menos de três minutos, Williams explica como a matemática liga o mundo natural com ideias mais profundas de ordem e propósito. A matemática, diz ela, ajuda-nos a compreender tudo, desde a migração dos peixes até aos padrões que vemos na natureza, revelando a estrutura do nosso universo.

Williams acredita que a matemática é mais do que apenas números – é uma linguagem universal que oferece insights sobre a nossa existência. Esta interseção entre matemática, natureza e cultura revela algo profundo e profundo sobre as nossas vidas e o propósito por detrás delas.


Desejo-vos um bom dia

segunda-feira, setembro 02, 2024

A fruta do Dragão

 

Chego a esta provecta idade  carregada de ignorâncias. Por exemplo, no outro dia, estávamos no supermercado e o meu marido chamou a minha atenção para um fruto, perguntando: 'Será bom?'. Nem ele nem eu sabíamos de que fruto se tratava. Vi a etiqueta. Pitaia. O nome era conhecido mas o conteúdo não.

Atraiu-me, sobretudo, a sua cor, a sua beleza. Escolhi uma e trouxe. Fotografei-a. Aqui está, numa tacinha cá em casa.

Isto foi a semana passada, estávamos no campo.

Acontece que com isto e aquilo e mais com as barrigadas de figos que tinha apanhado, fui protelando a inauguração do belo fruto.

No último dia, quando íamos já na autoestrada a caminho da cidade, o meu marido lembrou-se que lá o tínhamos deixado. Fiquei preocupada. Não tinha sido especialmente barato, se calhar era frágil e temi que, ao regressarmos, déssemos com ele já mole e estragado.

Por isso, quando cá chegámos fui logo apalpá-lo. Pareceu-me que ainda estava íntegro, em boa forma.

Entretanto, já a papámos. Não posso dizer que tenha um sabor extraordinário. Não tem. Tem um sabor neutro. Come-se bem, não cansa, justamente porque quase não sabe a nada. Mas é fresca, molhada, escorrega bem (obviamente, estou a referir-me à pitaia). 

Esta que trouxemos é a branca. Fui ao meu amigo ChatGPT saber se, pelo menos, tinha virtudes compatíveis com a beleza do exterior. Cá está:

A pitaia, também conhecida como fruta do dragão, é uma fruta tropical originária da América Central e do Sul, mas atualmente é cultivada em diversas partes do mundo, incluindo o Sudeste Asiático. Existem diferentes tipos de pitaia, sendo as mais comuns a pitaia branca (Hylocereus undatus) e a pitaia vermelha (Hylocereus costaricensis).

Os benefícios da pitaia branca incluem:

  1. Rica em Antioxidantes: A pitaia é rica em antioxidantes, como a vitamina C, que ajudam a combater os radicais livres, protegendo as células do corpo contra o envelhecimento e doenças.

  2. Fonte de Fibras: A pitaia é uma excelente fonte de fibras alimentares, que são essenciais para o bom funcionamento do sistema digestivo, ajudando a prevenir a constipação e promovendo a saúde intestinal.

  3. Baixa em Calorias: A pitaia branca é uma fruta de baixa caloria, o que a torna uma excelente opção para quem está tentando perder peso ou manter uma dieta equilibrada.

  4. Hidratação: Com alto teor de água, a pitaia ajuda a manter o corpo hidratado, especialmente em climas quentes ou durante o exercício físico.

  5. Promove a Saúde Cardiovascular: A pitaia pode ajudar a reduzir os níveis de colesterol ruim (LDL) no sangue, devido ao seu conteúdo de ácidos graxos saudáveis e fibras, o que é benéfico para a saúde do coração.

  6. Ação Anti-inflamatória: A pitaia possui propriedades anti-inflamatórias que podem ajudar a reduzir inflamações no corpo, aliviando sintomas de doenças inflamatórias crônicas.

  7. Fortalecimento do Sistema Imunológico: A vitamina C presente na pitaia é importante para fortalecer o sistema imunológico, ajudando o corpo a combater infecções.

  8. Controle dos Níveis de Açúcar no Sangue: Estudos indicam que a pitaia pode ajudar a regular os níveis de açúcar no sangue, sendo benéfica para pessoas com diabetes.

  9. Benefícios para a Pele: O consumo regular de pitaia, devido ao seu conteúdo de antioxidantes e vitamina C, pode ajudar a manter a pele saudável e retardar o envelhecimento cutâneo.

  10. Prevenção da Anemia: A pitaia contém ferro, essencial para a produção de hemoglobina no sangue, o que pode ajudar a prevenir a anemia.

A pitaia branca, além de ser saborosa e refrescante, pode ser consumida de várias formas, incluindo fresca, em smoothies, saladas, ou como parte de sobremesas.

Só virtudes. Portanto, aprovada. 

E, por hoje, nada mais havendo a reportar, dou o expediente por encerrado.

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Uma boa semana a todos a começar já nesta segunda-feira

domingo, setembro 01, 2024

A consciência das plantas

 

Já contei que muitas das flores, das árvores, das trepadeiras e das sebes deste meu jardim já existiam quando para cá viemos morar, há sensivelmente quatro anos. E, não sei por que artes mágicas, tudo desatou a crescer de forma algo exuberante. Não é apenas a antiga dona da casa que fica espantada quando cá vem, sou também eu que, ao ver fotografias dessa altura, fico admirada. Quase parece outro jardim.

Ela tinha feito cursos de jardinagem e andava em cima do jardineiro para que ele se aplicasse segundo os ensinamentos que ela tinha adquirido e, mesmo sem ele, ela era super cuidadosa. Sabia quando e como podar cada variedade, quando e como adubar flores e árvores.

Nós aqui somos diferentes. Empíricos. Eu, em especial, sou sobretudo intuitiva e, muito acima de tudo, tenho um respeito absoluto pelas plantas. Podo o que acho que é de podar e não toco no que acho que deve ser deixado por si ou que pode ser ajeitado a bem, sem amputar.

Tudo se desenvolve, tudo floresce. O meu marido acha demais. O meu filho, no outro dia, uniu-se ao pai, dizendo que, pelo menos o que está na passagem, deveria ser cortado. Sendo bastante alto, andava com a cabeça a roçar nas folhagens ou tinha que andar às voltas para se desviar. O meu marido sentiu que tinha claque e sentiu-se vitorioso. Acabei por ceder: só o que estava na passagem... Claro que, mal virei costas, o meu marido se esticou e foi mais além. Mas não ficou mal pelo que deixei passar...

Mesmo a árvore borboleteira que há uma meia dúzia de meses recebi de presente, uma coisinha mínima num vasinho, está enorme, florida, preparada para vir a ser um belo exemplar. Vou encaminhando, prendendo a estacas, cortando derivações desnecessárias, olhando, com encantamento, o milagre do crescimento.

No outro dia, uma conhecida, ao ver a suculenta que tenho à porta, disse-me que, há tempos, disse a uma amiga que acha que aquela variedade aprecia é que não lhe liguem muito pois nunca viu nenhuma como a minha e acha que eu não lhe presto atenção. Mas presto. Presto é não querendo mudá-la. E ela desenvolve-se como quer, majestosa, delicada. No outro dia, uma parte dessa planta partiu-se. Tive muita pena mas depois pensei que não ia perder aquela parte da flor. Coloquei-a na terra, num outro vaso. Pegou e desatou a desenvolver-se de forma exuberante. Até tive que passar uma fita por ela para a prender a uma armação de madeira que está ao pé para que, por terra, não se parta também.

O meu marido é o meu oposto: se vir um ramo partido, deita-o fora, não lhe passa pela cabeça espetá-lo na terra a ver se dali algo renasce.

Já falei disso muitas vezes: ele gosta mesmo é de cortar, se possível a eito. Mas já não é como era antes, está ligeiramente mais cuidadoso e, quando acha que a coisa requer tratamento de choque, geralmente já me consulta antes de fazer coisas graves e irreversíveis. Infelizmente nem sempre o faz. Ainda no outro dia, no campo, de roçadora em punho, coisa que me aterroriza, deu cabo de um medronheiro que despontava e cujo crescimento eu observava com carinho. Fiquei para morrer. E o nosso casamento só não acabou pois, in extremis, resolvi dar-lhe mais uma oportunidade.

Hoje andou encavalitado num escadote antigo e periclitante, mas que é muito alto, a cortar os ramos do chorão que estavam em cima do telhado e a podar ramos de glicínia, que cresce a um ritmo vertiginoso e que galga para cima do telhado de forma galopante. Fica lindo, em especial quando se cobre de cachos de florzinhas delicadas e lindas, mas, neste caso, percebo a necessidade dos cortes pois é muito verdade que, à velocidade a que aqui tudo se desenvolve, se não tentamos refrear algumas destas plantas, quando dermos por ela, a casa está tapada por vegetação. E, no caso dos telhados, é tramado pois pode levantar as telhas e depois entra água em casa.

Uma vez li um livro sobre um jardineiro e adorei. Também vi um filme, aliás, dois, e também adorei. É uma profissão que, quando exercida com desvelo e amor, é maravilhosa.

Aprendemos que as plantas não têm cabeça, que não têm tino. Há muito quem ache que a nível de intelecto ou de emoções são abaixo de calhaus.

Como também tenho muito respeito por pedras, não me revejo nesse desdém.

Mas não sei nada de botânica para poder ajuizar se as plantas sabem o que querem, se demonstram o seu querer e o seu bem-estar ou as suas afinidades através da forma como se desenvolvem.

Geralmente, quando aqui partilho vídeos, faço alguma validação, mesmo que ligeira, para perceber se não é tanga, se há fundamentação científica. No caso do vídeo que hoje aqui partilho, confesso a minha ignorância para poder avaliar se tudo o que aqui se diz tem validação científica. Mas, como é tema que me agrada, arrisco.

PLANTS Have CONSCIOUSNESS & Self-Awareness

Do plants speak the secret language of awareness, whispering knowledge and weaving connections to our Earth? Discover the science of superorganisms which are cosmic antennae with their own voice, healing humanity with melodies and music.

Listen to plants, the silent consciousness uniting all life. Flowers, trees, and fields exhibit unique anatomical and communication abilities to express agency and information. Roots, soil, pollen, and weather are all aspects of a supportive ecosystem teaching us about interconnected auditory understanding between species … at the crossroads of modern research and ancient wisdom.


Desejo-vos um belo dia de domingo

sábado, agosto 31, 2024

Desculpem eu não entrar em grandes pormenores pois as circunstâncias desaconselham-nos mas, caraças, as principais instituições do País parece mesmo que estão ocupadas por saloios, por pacóvios

 

Já ontem a notícia do assalto ao Ministério da Administração Interna, as circunstâncias em que ocorreu, as circunstâncias em que só perto das 10 da manhã um agente de segurança, ao fazer o giro, deu por isso, as câmaras de vigilância sem funcionarem, o equipamento à mão de semear, tudo, tudo me parece coisa de anedota. Anedota de uma ponta a outra. Não há uma que sirva de atenuante.

Mas o que hoje se passou é tão ou mais grave. As imagens que a televisão me estão a mostrar com Montenegro deixam-me perplexa. Vejo-o a portar-se como um daqueles parvalhões que se pespegam junto dos acidentados, atrapalhando os salvamentos. Fico estupefacta com a falta de sentido de Estado, com a tremenda falta de bom senso, com a falta de tudo. Não é só disparatado, é mesmo ridículo.

O acidente foi terrível, deixa-me triste, com muita pena, é daquelas situações que deixam qualquer um consternado. Requer das instituições não apenas apoio, garantia de que tudo será feito nas operações de resgate, empatia para com as famílias e os camaradas, mas também recolhimento, discrição, noção de que um mínimo de decoro é indispensável.

Mas o que estou a ver, os carros oficiais a atrapalharem, a encherem tudo de pó, depois montado numa lancha onde decorrem as operações de resgate, é daquelas que enchem qualquer um de vergonha, vergonha alheia.

Marcelo parece ter aprendido com Pedrógão e agora conteve-se. Imagino que esteja a rabiar com as imagens do outro armado em papalvo. Montenegro revela-se nas atitudes de videirinho, de chico-esperto, de bimbo, de primeiro-ministro pimpa.

A escolha da Miss Swaps para Comissária e a forma como o processo decorreu é outro disparate, outra anedota, outra afronta. Têm a sorte de a malta já estar por tudo, de muita gente, enfronhada quase 24 horas por dia nas redes sociais, nem saber ou já nem se lembrar da Maria Luís Albuquerque. Em situações normais, esta decisão constituiria uma barracada, um tiro no pé, uma chachada. Assim, passa entre as pingas da chuva.

Um País vai mal com um Primeiro-Ministro destes. Mal, mal.

A Assembleia da República, onde pontuam 50 deputados do partido mais rasca e inconsequente de que há memória, com uns ADs maioritariamente desqualificados, sem uma esquerda-esquerda que se veja, e com um PS meio titubeante e que parece que não tem acção para dar os murros na mesa quando são necessários, também não é flor que se cheire. 

Depois o Marcelo é o que se sabe, anda a apanhar as canas antes que o mandato acabe. 

A Justiça é outra pouca-vergonha, com uma PGR que também envergonha qualquer um, com os juízes, muitos deles, a não inspirarem qualquer confiança. 

Uma salsada. Parece que, com o tempo, a democracia foi ficando mais deslavada, com a sociedade devorada pelas redes sociais e pela comunicação social a tentar não ficar atrás das redes sociais. E as pessoas de valor, não estando para serem chamuscadas por coisa nenhuma, só para gerar audiências, fogem a sete pés da política. Sobram os oportunistas, os medíocres, os chico-espertos, os saloios.

Mas, enfim, calo-me com estes desabafos. 

Lamento a queda do helicóptero e a morte dos agentes da GNR que iam a bordo. Louvo a generosidade e a coragem de todos quantos dedicam a vida a ajudar os seus concidadãos tantas vezes em situações de grande risco.

sexta-feira, agosto 30, 2024

Só sou eu a achar que o sorrisinho permanente do Paulo Núncio é insuportável?
Mais ninguém um acha um sonso, um manhoso...?

 

Há em Paulo Núncio qualquer coisa de J. D. Vance. Não sei se é o facto de ter ar de cópia, de réplica real, de contrafacção.

Depois, apesar daquele ar de beato encartado, é sobejamente conhecido como um sacana de primeira, um daqueles sacanas de tipo de sacaninha, nojentinho, betinho armado em palerma mas, ao mesmo tempo, arruaceiro, trauliteiro.

Os outros falam, podem dizer evidências, coisas incontestáveis, que ali está ele, aquele arzinho trocista afivelado, como se tivesse alguma na cartola, como se tivesse sido ungido com óleo de sacanagem e estivesse prestes a tirar o tapete à pessoa.

Em síntese: não posso com ele. 

quinta-feira, agosto 29, 2024

Super best sellers

 

Tenho que confessar: nunca li nada do Stephen King. Não posso dizer se é bom, se é mau. Sei que os seus livros vendem-se como pipocas saltitantes e que há filmes, feitos a partir dos livros, que foram outros tantos sucessos. Também nunca vi nenhum. Provavelmente é preconceito meu. Achando que sou uma mente aberta tenho, contudo que reconhecer que os preconceitos que tenho são mais que muitos. O género, as capas, as cores, tudo ali me afasta. Contudo, vendem-se aos milhões. Deve ser a melhor recompensa para um escritor. E, na volta, se calhar, se me afoitasse, sentir-me-ia surpreendida.

Em relação a Marguerite Duras, escritora também de milhões e de cujos livros também se fizeram filmes (pelo menos de O amante), não tenho preconceitos e já li vários livros. E gosto bastante. 

Imagino que não poderiam ser mais diferentes um do outro. 

Mas que sei eu?

Têm, contudo, em comum -- e isso acho que não oferece dúvidas --, o gosto pela escrita. Falo no presente em relação a ambos embora a Duras já lá esteja faz tempo. Mas os escritores, os bons, são eternos.

Talvez ela seja mais autobiográfica, quase confessional, talvez burile mais a escrita tentando ficcionar a sua própria vida ou a dos que lhe eram mais próximos, enquanto Stephen, aparentemente, tem uma ideia enquanto enfia a primeira perna das calças e, quando enfia a segunda, já está a história concluída na sua cabeça.

Seja como for, gosto sempre de ouvir os escritores. Tenho para mim que os que o são mesmo têm qualquer coisa em si que os torna especiais. Mas também posso estar enganada, claro.

Stephen King reflects on his iconic career and latest release 'You Like It Darker'

Stephen King, has gone on to write more than 60 books and many have been turned into such films as “The Shining” and “Shawshank Redemption.” Jeffrey Brown spoke with King about his latest book, “You Like It Darker,” and the long arc of his career. 

Une vie : Marguerite Duras

"Je crois que l’homme sera littéralement noyé dans l’information. Dans une information constante." Résistante, femme de lettres insoumise et engagée, Marguerite Duras était aussi une visionnaire. 


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Quanto à escolha de Miss Swaps para comissária europeia parece-me coerente com a grunhice e o papalvismo da AD

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Um dia bom

quarta-feira, agosto 28, 2024

Paulo Raimundo e Hugo Soares, irmãos ideológicos...?
Entre Trump e Kamala, quer o Narizinho Raimundo quer o Inteligente Soares sentem-se incapazes de escolher... Está certo.
Estão bem um para outro, não estão...?

[Como não há muito mais a dizer sobre a acefalia dos meninos, vou antes dar a receita do meu entrecosto no forno]

 

Tive cá pessoal, dia bom, bom. Clima ameno, o silêncio muito apreciado, peace and love. Estou é cada vez mais pequenina. Não que isso me incomode, é mera constatação. Já brincam, chamam-me mini-avozinha. Para falar com dois deles já tenho que olhar para cima. Brincam, agacham-se para eu não me sentir diminuída. E, pela idade que têm, ainda com muito para crescer, qualquer dia pegam em mim e põem-me às cavalitas.

Tirando isso, posso acrescentar que fiz entrecosto no forno. É sempre uma aposta segura.

Não tem muito que se lhe diga mas calha bem para um post de silly season. Fiz assim:

Forno a bombar ao máximo, duzentos e tais graus, uns minutos antes. 

Enquanto isso, num tabuleiro de ir ao forno, o maior possível, coloco: azeite, bué alhos, uma cebolona gigante aos bocados, orégãos, alecrim, pedras de sal. Por cima, os pedações de entrecosto (não piano,  mesmo entrecosto), mais umas pedritas de sal. Polvilhei com pimentão doce em pó. E mais: um big molho de salsa aos bocados, louro, mais azeite, meia cerveja. Depois de estar assim um pouco, rodei os pedaços para ficassem irmãmente besuntados.

Levei, então, ao forno e, nessa altura baixei para os 170º. E assim ficou.

De vez em quando, rodei os pedaços de entrecosto.

No entretanto, mais perto da carne estar macia por dentro e tostadinha por fora, cozi batata doce da variedade cor de laranja e batata normal, tudo aos pedaços. Naturalmente, com um pouco de sal.

Quando estavam cozidas, desliguei. Escorri. Quando vi que a carninha já estava a ficar boa mas era para ser comidinha, afastei os bocados de carne para abrir alas para las potatoes.

Meanwhile, tinha feito arroz basmati. Antes que estivesse seco, tirei do lume. Pus um fio de azeite e misturei. Coloquei num tabuleiro de ir ao forno, tirei umas colheradas de molho do tabuleiro da carne e espalhei por cima do arroz. 

Tirei o tabuleiro da carne, com las patatas, para ficar cá fora a descansar. E coloquei no forno o tabuleiro do arroz a secar e doirar ligeiramente.

Antes de tirar o tabuleiro do arroz, o meu marido colocou por cima fatias de pão de Rio Maior, lo mejor. Ficaram quentinhas e com as côdeas crocantes.

Servi com salada completa: alface, cenoura e beterraba raladas, acelgas e mais outra coisa qualquer.

E só não digo que o pessoal gostou (e eu também gostei) para a invejosa e o comichoso do costume não virem para aqui largar as bocas foleiras do costume.

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Quanto ao Sarrafeiro Soares e ao Fofo Raimundo não há nada a fazer. O que têm na cabeça não lhes dá para mais mas a gente não deve gozar com pessoas assim, coitadas, se calhar não têm culpa.

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E agora, para algo um pouco diferente, que entrem os meninos que gostam de dar um pezinho de dança para ver se trazem algum movimento:

Play | Alexander Ekman & Ballet de l'Opéra de Paris 


Saúde e alegria

Dias felizes a todos

terça-feira, agosto 27, 2024

Caro Leitor, não se assuste. Não fuja. Isto não tem que meter medo.
Vou falar, mas muito ao de leve, em Ser mortal

 

Sempre tive pavor da morte. Nunca consegui ver, ao vivo (passe o disparate da expressão neste contexto), nenhum morto.

Há pouco tempo uma amiga contava que, quando a mãe tinha morrido, tinha resolvido que ela iria (ora aqui está outro verbo desajustado neste contexto pois nenhum morto 'vai', quando muito 'levam-no') vestida com uma camisa de dormir branquinha com rendinhas. Depois resolveu mandar fazer uma bandelete com florzinhas para a mãe levar no cabelo. Diz que o pai, quando viu a mãe, disse que ela estava mesmo bonita assim. Perguntei se ela tinha conseguido ver a mãe, Disse que sim, claro. Corajosa.

Também nunca gostei de conversas sobre a morte. 'Ai que mórbido', sempre disse quando o tema deslizava para esse buraco (desculpem o mau gosto da expressão). Fugia a sete pés de conversas sobre doenças terminais, sofrimentos atrozes, estados de quase morte. Parece que tinha medo de ter medo, tinha medo de ficar a pensar no assunto e ficar aterrorizada.

Por isso, morreram-me pai e mãe sem que nunca nenhum de nós tivesse falado em vontades relacionadas com o seu fim. Quer dizer, o meu pai pedia muitas vezes para o deixarmos morrer. Mas ficávamos chocadas, não queríamos que ele dissesse isso, parecia quase coisa de mau gosto (olha que coisa mais estúpida de eu agora dizer). Mas quando ele, coitado, infeliz até à última das suas células, queria que o deixássemos desistir, eu era parva até dizer chega, dizia para ele não dizer isso, dizia que ele estava confortável na sua cama, não tinha dores. Burra, mil vezes burra. Como se estar numa cama (embora sem dores) fosse motivo suficiente para se querer viver.

Mas eu não estava preparada nem fui formatada nem aconselhada nem nada para lidar com uma situação assim. Apegamo-nos à vida daqueles que amamos e não os queremos deixar desistir. Nem paramos para pensar que, com isso, estamos apenas a querer que sofram mais.

Nunca me passou pela cabeça ter uma conversa assim: 'A sua vida vai disto para pior. Por isso, vamos falar francamente. Como gostaria de viver daqui até morrer?'. Nunca. Nunca. Nem teria coragem. Parece que estaria a assumir que admitia que ele fosse morrer. E, assumindo, poderia parecer que estava a desistir. 

Fui muito cobarde. Fingi até ao fim que ele teria razões para estar bem, que não deveria querer desistir. Se calhar, por isso, por me saber frágil, nem ele, nos seus momentos mais lúcidos e deprimidos, foi capaz de me dizer para deixar de ser parva, para cair na real, para assumir de vez que ele era mortal e que merecia poder ter uma palavra sobre como queria viver os seus últimos tempos.

Sobre a minha mãe, ainda foi mais traumático. Estando obviamente moribunda, nunca consegui deixar transparecer que sabia que ela estava por dias, nunca fui capaz de ajudá-la a enfrentar a sua mortalidade. Ela não queria morrer. As enfermeiras diziam que ela chorava e pedia para não a deixarem morrer. Eu ficava transida de medo que ela me pedisse isso a mim pois não saberia o que dizer, seria um sofrimento insuportável para mim pois, deixando que ela percebesse o meu sofrimento, provavelmente fá-la-ia sofrer ainda mais.

Quando a psicóloga da ala dos Cuidados Paliativos me chamou para falarmos, nunca cheguei a perguntar como, perante uma pessoa moribunda, devemos comportar-nos. Eu gostava de ter tido coragem de dizer: 'Vai morrer em breve, mãe. Toda a gente morre. Não é uma fatalidade morrer. Estamos a fazer de tudo para que sofra o menos possível. Não tenha medo, mãe. Não vai custar. Pode ir em paz que eu cá me arranjarei, não se preocupe comigo.' Claro que não tive coragem. Nem de longe nem de perto. O meu comportamento foi o mais oposto disto. Dizia: 'Está com melhor aspecto hoje. Não chore. Já esteve pior, está a melhorar. Tenha esperança'. 

Saía de lá arrasada. Não apenas me era doloroso até ao limite por vê-la assim como vinha atordoada por intuir que a minha cobarde atitude não seria a mais indicada. Ficaria ela mais tranquila se soubesse que eu iria aceitar bem a sua morte? Não sei, não faço ideia.

Já lá vão sete meses que a minha mãe morreu e quatro anos o meu pai. E continuo a achar que a forma como lidei com a sua finitude e com os momentos que precederam a sua morte foi pouco racional, muito dolorosa e que, para eles, não sei se foi a mais adequada ou se queriam também ter agido de outra forma e não o fizeram para me poupar ou porque não venceram os seus próprios medos.

Penso hoje, e penso cada vez mais, que a forma como toda a vida fugi do tema da morte e como fui poupada a isso, não faz sentido. Eu deveria ter estado melhor preparada.

No mês em que a minha esteve internada, às portas da morte, eu vi dezenas de vídeos em que médicos, enfermeiros ou doentes falavam da pré-morte. A minha família achava que eu, ao querer saber mais e mais e mais, estava a auto deprimir-me, corria o risco de ficar passada. Mas não. Estava apenas a querer adquirir algum conhecimento sobre algo para mim totalmente desconhecido. Mas não me serviu de nada. Continuei assustada, sem saber se devia assumir perante a minha mãe que sabia o que se passava ou se devia manter aquela atitude palerma de parecer optimista.

Uma outra coisa em que tenho pensado muito é na fobia e na aversão que a minha mãe tinha a medicamentos. Temia os efeitos secundários, achava que lhe faziam pior do que a doença em si. Por não tomá-los esteve duas vezes internada, o que, curiosamente, ela aceitava bem. Era como se ganhasse uma vida adicional. Pelo contrário ficava deprimida, assustada, aterrada, infeliz quando era convencida a tomar os medicamentos (e não sei se os tomava pois arranjava maneira de nunca ninguém ver). Mas não deveria eu ter respeitado a sua vontade e aceitado pacificamente que a minha mãe não queria tomar medicamentos? Só fico na dúvida pois ela não queria tomá-los porque preferisse morrer. Não. Ela queria viver. Queria era viver sem tomar medicamentos. E isso, em meu entender (e dos médicos), não era possível. Só que nunca houve a coragem de ter uma conversa franca em que num dos pratos da balança estivesse uma decisão consciente de encurtar a vida, embora vivendo a seu gosto, sem medicamentos, e no outro prato a decisão de tomar medicamentos e viver aterrada com os efeitos secundários.

São questões complexas. Ter conversas deste tipo exige preparação, coragem.

De uma maneira ou de outra todos teremos um dia que passar por situações assim ou com pessoas que nos são queridas ou mesmo connosco. Um dia, esperemos que longínquo, seremos nós a estar nas últimas. E, pelo menos pela parte que me toca, gostaria de ter a coragem de falar abertamente nisso com os meus, gostava de poder ajudá-los a enfrentar a situação da melhor forma melhor possível. 

Por exemplo, custa-me pensar que um dia, estando eu ainda lúcida e com vontade de viver, alguém possa decidir por mim que já não posso viver em minha casa, que tenho que ir para um depósito em que os velhos e os incapacitados passam os dias em cadeiras de rodas, a dormir de boca aberta, sem um único propósito de vida. Ou que, perante um cenário complicado, alguém me force a estar acamada, de fraldas, entubada, sem voz activa para coisa alguma.

Ou seja, é um tema que é bom que seja falado, discutido, que deixemos cair os tabus, que sejamos capazes de enfrentar os nossos medos, que conversemos, que troquemos experiências e opiniões.

Finalmente acabei o 'Ser Mortal' de Atul Gawande, médico. É um livro que gostei muito de ler. Fala da sua experiência pessoal e do que tem pensado e estudado sobre o assunto. O livro tem uns anos e os vídeos que aqui partilho também. Contudo parece-me que a realidade é ainda a mesma do que tudo ali se diz.

Dr. Atul Gawande on what we should .be asking in end-of-life care

Dr. Atul Gawande helped transform the conversation about aging and death in his book, "Being Mortal: Medicine and What Matters in the End." The book spent 85 weeks on the New York Times Best Sellers list and is now available in paperback. Dr. Gawande, a surgeon at Brigham and Women's Hospital in Boston, joins "CBS This Morning" to discuss the importance of focusing on how someone wants to live at the end of their life -- not just how to keep them alive.


When Should Dying Patients Stop Treatment? | Being Mortal |

Why is it so hard for doctors to speak openly with their terminally ill patients about death as the end nears? Dr. Atul Gawande, Boston surgeon and author of the best selling book "Being Mortal" had a remarkably candid and intimate conversation with the widower of a deceased patient and apologizes for offering false hope in the end. 

It's the story of Sara Monopoli who was diagnosed with Stage 4 lung cancer during the 9th month of her pregnancy at the age of 34.

Desejo-vos um dia bom
uma vida longa e feliz

segunda-feira, agosto 26, 2024

Este post não é sobre uma ave que passa cantando

 

Dia tranquilo. 

Comecei o dia a regar o jardim. O sistema de rega parece que pifou. Para ser mais precisa, não o sistema de rega em si mas o autómato que o comanda. Por isso, não arranca.

Pelo meu marido, não arranca, não arranca. Por ele, ou desencantamos alguém que o arranje ou nada a fazer. Por mim, não. Dá sempre como desculpa que não acha bem gastar água a regar. Não concordo. Acho que uma maneira de combatermos a desertificação é termos árvores, o solo coberto, vegetação. Nem é só a estética da coisa, é também uma questão ambiental.

Quando ele me viu de fato de banho e havaianas, espantou-se: 'Onde é que vais, de fato de banho?'. Ia regar, claro.

Reguei tudo bem regadinho e só não acabei a autobanhar-me porque já estávamos atrasados. Não sei como mas temos sempre qualquer coisa para fazer ou temos sempre que ir aqui ou ali. 

O almoço foram restos, como é óbvio. 

Depois de almoço, deitei-me a ler um livro e, passado um bocado, adormeci. Mas para que não pensem que em vez de ler só durmo, desta vez completo a narrativa e digo que, depois de acordar, continuei a ler. Um livro que me tem dado muito que pensar. Um dia que tenha sossego na cabeça, hei de falar nele.

Mas é um facto: não ando a ler tanto quanto era meu hábito e tanto quanto gosto e isto porque ando viciada em escrever. Só me apetece escrever. Por exemplo, estou aqui e as minhas mãos até fervilham com a matéria caliente que a minha cabeça está danadinha para deixar sair. Uma maluqueira, esta mania de escrever.

Um dia que eu consiga publicar alguma coisa e me torne uma escritora célebre vocês podem vir aqui ver como são os bastidores de uma escritora maluca. 

(Riam-se, riam-se...)

Gostava ainda  de contar uma coisa que não tem nada a ver mas de que agora me lembrei. Ontem, de manhã, eu e o meu marido fomos fazer uma caminhada por onde não costumamos passear. Às tantas começámos a ouvir uma música. Mas uma música sublime. Parei a tentar identificar. Não consegui. Sei que há apps para o descobrir mas não quis perturbar o momento pondo-me à procura de apps e tretas tecnológicas ali totalmente descabidas. O som vinha de uma casa muito bonita, uma casa incomum com uma arquitectura também sublime. Por mim, sentava-me no passeio e deixava-me ficar ali. Pensei que, por vezes, a felicidade aparece assim, como um momento inesperado.

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E agora, para não me despedir assim, sem mais, à papo-seco, procurei uma música qualquer e encontrei esta que também não tem nada a ver com o post. É o que é. 

Atahualpa Yupanqui - Ave que pasas cantando (en directo, 12.04.1977)

Cancion interpretada por el mas importante folclorista que ha tenido Argentina, en el programa "Esta noche fiesta". Su nombre verdadero era  Héctor Roberto Chavero Aramburu y junto a su esposa Paula Nenette Pepin fueron autores de piezas que se han convertido en clasicas del folclore argentino


Uma boa semana!

domingo, agosto 25, 2024

Festa de anos da leoa mais tardia da família
-- E, porque vem muito a propósito, tutorial de maquilhagem para ficar como o Trump --

 

A última leoa esteve fora no dia dos seus anos pelo que este sábado é que foram as comemorações familiares. A reunião começou por volta das três e picos e prolongou-se creio que até às onze da noite, mais coisa menos coisa. 

Foi um dia em cheio, bom, bom, a malta toda reunida. Os anos passam, estamos todos cada vez mais sábios. Haverá quem diga que qual sábios qual carapuça, estamos é mais velhos. O tanas. 

Claro que os mais jovens estão mais altos, os do meio mais maduros e os mais velhos mais tranquilos. 

E todos estamos cada vez mais na boa. 

Confesso que, pela parte que me toca, aquilo de estar mais sábia é um pouco forçado... estou é cada vez mais ignorante... Mas isso é uma sensação que também é boa. Ignorante e a estar-me nas tintas para muita coisa é um good feeling, ohié.... Noutras situações fico com vontade de as aprender e isso também é bom.

Naturalmente houve presentes, desporto (o meu marido a meio da tarde foi dar uma volta com o cão e disse que a milhas se ouvia o chinfrim que eles faziam), lanche, leituras, conversas, penteados (entre tia e sobrinha, claro), houve execução de colares e pulseiras (a tia e a sobrinha, claro), houve conversas impenetráveis sobre futebol (entre os irmãos/primos rapazes, claro), houve visualização de um jogo de futebol (primos e pai/tio, claro), houve jantar, bolo de anos e parabéns a você e tudo a que os aniversariantes têm direito. 

Dia feliz, bom, bom, bom.

Sempre na rua. Está-se bem. Acho que é muito melhor estar ao ar livre do que encafuado em casa.

Sempre na rua, salvo seja. Entre o lanche e o jantar os rapazes estiveram nesta sala a ver cenas na televisão e, quando o meu marido aqui entrou, disse que não sabia se aqui poderia ficar. Referia-se ao cheiro. Mas a janela estava aberta e arejou o qb antes de eu entrar. Já não caí para o lado. De resto, tomaram banho (tomaram banho cá em casa, antes de jantar, é o que eu quero dizer). Mas também não sei a natureza do cheiro, diga-se. 

Adiante.

O que sei é que as cobertas que coloco em cima dos sofás estavam, como sempre, todas tortas, parte no chão, as almofadas umas caídas, outras em locais que não o delas. E a própria carpete estava meia enrolada. 

Não encontrei um dos comandos mas o meu marido conseguiu dar com ele. Menos mal. Não há muito, só demos com ele no dia seguinte.

O meu filho continua a perguntar-me por uns calções que perdeu e que diz que só podem estar cá. Não digo que não pois aqui reaparecem coisas que se julgavam perdidas. Mas, de facto, já se afastaram sofás, já se espreitou para baixo de tudo. Nada. 

Enfim, mistérios.

Depois, quando já estávamos os dois sozinhos, ainda fomos dar um passeio com o cãobeludo. Sabe bem passear enquanto se respira o ar fresco da noite.

A propósito. Se há coisa que o dog mais fofo adora é ter a casa cheia (cheia mas de gente que ele aprove, claro, nomeadamente a família). Fica numa alegria quando eles chegam e anda o tempo todo ao pé de um e de outro. 

Mas, mal ele pressente que a minha filha está numa do ir, começa a agarrar-se a ela, a fazer-lhe marcação, a querer segurar-lhe os pés. Não sei se ouve alguma palavra (por exemplo, ela a dizer para a sua trupe para se irem embora) ou se se apercebe através da dinâmica de partida. Curiosamente não faz isso com o meu filho e com todo o resto do pessoal, só com ela. Talvez seja porque ela o mima imenso e se entendem bem um ao outro.

Bem.

Isto para dizer que, para variar, quando me sentei aqui na sala e liguei o computador passava da meia noite. E parece que, em simultâneo, desliguei os neurónios. Deu-me um sono do caraças. Desculpem lá isto, parece um disparate, eu sei, e, na volta, é mesmo mas os dias são tão cheios que, ao fim do dia, estou para lá de bagdad.

Por isso, nada mais conseguindo pronunciar, dou passagem a um tutorial sobre como nos maquilharmos para ficarmos com aquela maravilhosa tez alaranjada do Trump. Parece-me útil. Na volta, quem queira agradar ao líder parlamentar laranja pode aqui aprender a pôr-se parecido com o seu guru. Ohié.

✨ Honest Donald Trump Makeup Recreation! 💄


E tenham um belo dia de domingo, está bem?