Svoboda | Graniru | BBC Russia | Golosameriki | Facebook

A MINHA PROPOSTA

Não sei se Aursnes está disponível, pelo que não conto com ele. Apresento um onze de vocação ofensiva, que não dará para enfrentar a Champions ou os Clássicos, mas neste tipo de jogo não só é possível, como aconselhável. A maior dúvida será a posição de Prestianni, mas com estes jogadores também é possível formar um 4-4-2 relativamente equilibrado.

 

VÁRIAS HIPÓTESES

4-3-3
4-4-2
5-2-3
5-3-2
4-2-3-1
Para quem preferir: Beste em alternativa a Carreras, Kabore em alternativa a Bah, Barreiro em alternativa a Florentino, Renato em alternativa a Kokçu ou Aursnes, Amdouni em alternativa a Pavlidis, Rollheiser em alternativa a Aursnes, Schjelderup em alternativa a Di Maria.

É CRAQUE!

Acidentalmente, ou talvez não, vi o Turquia-Islândia. E fiquei deveras impressionado com Akturkoglu - pedindo desde já desculpa caso esteja a escrever mal o nome.
Na verdade não fez um hat-trick, mas sim um poker - um dos golos foi anulado pelo VAR. De resto, muita classe e disponibilidade física.
Se jogar assim, não só será titular de caras no Benfica, como pode ser uma figura na Liga Portuguesa.
NOTA: Nunca vi uma exibição destas a Kokçu - e não falo naturalmente de golos, pois não é avançado.

ESTRANHA FORMA DE VIDA

Ainda Bruno Lage não tinha sido anunciado oficialmente como novo treinador do Benfica, e já choviam críticas à sua escolha. 
Como aqui escrevi, fosse quem fosse o escolhido, iria acontecer o mesmo. Tivesse sido Guardiola, e estou seguro de que haveria quem criticasse por se gastar demasiado dinheiro. Digo mais: caso Rui Costa convocasse eleições antecipadas e as perdesse, ou pedisse a demissão, o seu sucessor em poucos meses iria ser, também ele, fritado nas redes sociais e nas caixas de comentários online. Como fritados foram sendo, ao longo do tempo em que vestiram de águia ao peito, jogadores como Pizzi ou Rafa - ambos com mais jogos e mais golos pelo Benfica do que, por exemplo, Diamantino, Chalana, Magnusson, Isaías, João Pinto, Vítor Paneira ou Carlos Manuel - e agora também João Mário, que ainda há dois anos marcou mais de vinte golos numa época, jogando numa ala do meio-campo. Ou treinadores como Jorge Jesus, Rui Vitória e Roger Schmidt, todos eles campeões nacionais e protagonistas de fases de grande fulgor competitivo do Benfica - além, naturalmente, do próprio Lage. Ou seja, todos, numa lista negra sem fim.
No âmbito das modalidades, tenho visto ao longo dos últimos anos alvos inacreditáveis, como Carlos Lisboa, Carlos Nicolia (dois dos melhores da história nas suas especialidades), Norberto Alves (tri-campeão no Basquetebol), Filipa Patão (que ganhou tudo no futebol feminino, está na lista da UEFA das cinco melhores do ano em todo o mundo) e até Paulo Almeida (treinador do hóquei feminino que leva quarenta competições nacionais seguidas sem perder!). Marcel Matz, por motivos que desconheço (talvez instagrams e twitters), tem sido uma excepção.
A regra é dizer mal de tudo e de todos, pedir sumariamente demissões e destituições (depois? logo se vê...), atacar violentamente, insultar, quando não agredir. Tudo é mau, tudo é péssimo, tudo é escandaloso, tudo é vergonhoso, neste presente caótico e angustiado, por contraste com um passado longínquo, lendário e fantasioso,  que não se viveu, não se conhece, e...não existiu.
Bem sei que, no caso do Benfica, uma larga fatia desse lixo tóxico tem origem em perfis falsos, muitos deles criados no tempo de Jota Marques e Saraiva  - quando até havia uma empresa para os gerir. Outra parcela deve-se a uma confrangedora ignorância histórica. Depois há as claques, e sabemos que o raciocínio de uma multidão em fúria é correspondente ao da pessoa mais estúpida que lá estiver. Há ainda quem ande ressabiado por ter sido, a dada altura, afastado do clube, e quem viva ressabiado por lá nunca ter entrado, mas estes são estatisticamentes irrelevantes.
Deixando os rivais infiltrados, e os mais ignorantes que se limitam a seguir a onda, centremo-nos nos que verdadeiramente preocupam: os que fazem isto de forma consciente, e estão absolutamente seguros daquela que julgam ser a sua verdade.
Tenho reflectido sobre o assunto, e não consigo fugir à questão geracional. Há de facto uma geração, ou duas, que nascendo e crescendo apaparicados pelo papá e pela mamã, passando por uma escola facilitista onde só fizeram o que queriam e os professores é que tinham a culpa, chegam à maturidade a achar que sabem tudo e podem tudo, enfrentando, porém, um mundo que não conseguem controlar (ao contrário da expectativa que essa vivência lhes foi criando). Isso gera angústias, frustrações e, no limite, revoltas. O passo seguinte é "exigir" da sociedade, das instituições e dos vários poderes, a perfeição - que é como quem diz, que correspondam inteiramente, e a cada momento, a todas as suas vontades e caprichos. Como isso não acontece, e jamais acontecerá, partem para a crítica cada vez mais violenta, desproporcionada e despropositada (aproveitada e potenciada, noutros contextos, pelos populismos políticos). As redes sociais fazem o resto.
Se estamos perante aquelas que dizem ser as gerações mais informadas e qualificadas de sempre, não há qualquer evidência de estarmos perante as mais inteligentes e/ou clarividentes. E mais informação, sem mais inteligência para a saber filtrar, pode transformá-la em simples ruído. Circulando em larga escala, temos uma cacofonia insuportável. Eis o que hoje em dia cerca o Benfica.
Ora como clube mais popular e representativo da sociedade (para o bem e para o mal), o "Glorioso" sofre particularmente com todos estes fenómenos. É um espelho dos problemas sociológicos que o mundo moderno enfrenta. E estando a raiz desse problemas fora do seu âmbito e do seu alcance, tem particular dificuldade em lidar com eles, isto para não ser pessimista e afirmar que nunca o conseguirá fazer.
Não sei, de facto, como isto vai acabar. Suspeito que não acabe bem, nem no Benfica, nem no país, e pior ainda no Mundo - onde muitos outros problemas, muito mais graves, acrescem a todo este caldo sócio- cultural.
A menos que gerações futuras venham, com outro enquadramento e resistências, a saber filtrar melhor todo o ruído que infesta as sociedades actuais em todas as suas dimensões. Venham a saber "exigir" com equilíbrio, e sobretudo exigir primeiro de si próprios, antes de olhar para o lado. Enquanto adeptos também. 
A alternativa é a autodestruição. É que o Benfica é nosso, mas de todos nós - não de cada um de nós. Se o estimamos, se o queremos forte e saudável, o primeiro passo é respeitar os outros 5.999.999 de benfiquistas que não vivem no nosso umbigo e têm opiniões diferentes. Ou pelo menos os outros 249.999 sócios, que também pagam quotas, vão aos estádios, querem ganhar, mas não têm de gostar do mesmo treinador, do mesmo presidente, ou dos mesmos jogadores que nós.
Sou do saudoso tempo em que se aplaudiam os nossos, e assobiavam os outros. Cada vez mais isso parece uma excentricidade. Talvez porque antes, no tal futebol "Clássico" que muitos julgam saber o que foi, se viam os jogos como um delicioso passatempo, que ora causava alegrias, ora causava tristezas, mas jamais violentos conflitos verbais e/ou físicos. Hoje, talvez se procurem no futebol  paliativos para outros problemas, e outras situações que não têm a ver com um jogo ou um campeonato.
Aqui acima cita-se Bill Shankly, quando disse que o futebol é muito mais do que uma questão de vida ou de morte. Mesmo sendo isso verdade, continua a ser futebol. E se não servir para nos dar alegrias, brincar com as nossa emoções, fazer-nos confraternizar com amigos, encher-nos os fins de semana de esperança, então não servirá para nada. 
Isto que alguns benfiquistas querem ou defendem, a tal "exigência" que muitas vezes não passa de mera estupidez ou ignorância, não serve para nada a não ser para minar e destruir o clube e os seus alicerces.

O MEU TREINADOR!

Acabaram as especulações, acabaram as discussões. O treinador do Benfica é este e, até por ser benfiquista, por ter feito carreira nas camadas jovens do clube, e por ter sido campeão ao comando da equipa principal, merece todo o apoio dos verdadeiros adeptos.
Eu gostava mais de Klopp ou Guardiola. No mundo real, parece-me que esta é uma boa solução, num momento em que não há margem para correr grandes riscos. De resto, tirando nomes da envergadura dos mencionados acima, qualquer escolha iria sempre ter gente a favor e gente contra. Esta tem a vantagem de, não gerando grandes entusiasmos, também não criar grandes antipatias. 
Agora é preciso começar a ganhar, e depois, se possível, jogar bem.

A ESTATÍSTICA É TRAMADA

Se atendermos à percentagem de vitórias no campeonato de todos os treinadores da história do Benfica, encontramos dados curiosos. Desde logo, Bruno Lage é o quarto melhor de sempre, só atrás de Hagan, Riera e Czeizler. Mas Roger Schmidt vem logo a seguir, bem como Rui Vitória. É verdade que nomes como Bela Gutttmann, Eriksson ou Otto Glória são penalizados por uma ou outra temporada pior, enquanto José Augusto ou Cândido Tavares nem sequer fizeram um campeonato inteiro, vendo a sua média beneficiada. Mas ainda assim é notável observar como os treinadores mais recentes têm obtido tão boas percentagens de vitória, o que contrasta com a contestação de que as suas equipas, e eles próprios, têm sido vítimas no Tribunal da Luz, que na última década se transformou no Grelhador da Net.
Ah...e para quem fala depreciativamente de um tal SLV2003, há que dizer que a percentagem global de vitórias do Benfica no campeonato é superior desde 2003 (71%) a toda a história anterior do clube (68%). Como dizia John Ford, quando a lenda tem mais interesse que os factos, imprime-se a lenda e esquecem-se os factos. Ora aqui estão eles:

LAGE SIM, MAS...

Bruno Lage está a ser apontado como o próximo treinador do Benfica, depois de uma alegada recusa de Marco Silva - que, diz-se, também terá sido sondado.
Parece-me a opção mais cautelosa, e como sou avesso a riscos desnecessários (ou mesmo necessários, para dizer a verdade), tendo a aceitá-la.
O setubalense foi campeão no Benfica em 2018-19 após uma segunda volta espectacular, recuperando sete pontos de desvantagem com vitórias no Dragão, em Alvalade, em Braga e em Guimarães, goleadas pelo meio (até um 10-0 ao Nacional), e lançando vários jovens, destacando-se Florentino e, sobretudo, João Félix. Entrou na temporada seguinte a todo o gás, com expressivos 5-0 ao Sporting na Supertaça. E nos primeiros dezanove jogos do campeonato 2019-20 obteve dezoito vitórias - registo impressionante que parecia ir no sentido de bater recordes do tempo de Jimmy Hagan. Depois...
Aqui entra o meu "mas". Não sei, nunca soube, e não sei se Lage e/ou Rui Costa sabem quais as razões que originaram o que se passou a seguir. Ora o regresso de Bruno Lage tem de ser acompanhado de uma reflexão sobre esses meses, sobre aqueles dez jogos que antecederam o seu despedimento. A Pandemia não explica tudo, até porque quando o futebol parou já a vantagem do Benfica se esfumara. E desde três penáltis falhados em quatro (um inclusivamente atirado ao lado), até jogadores a passo em transições defensivas, tudo nesses meses foi mau demais para ser normal. Coincidindo no tempo, houve a contratação de Weigl - milionária, desnecessária e fracassada -, que não sei até que ponto pesou no balneário. Desconheço se havia compromissos pecuniários por cumprir. O que é certo é que treinador e jogadores defendem-se mutuamente (e já depois de abandonarem o clube), deixando espaço para que as dúvidas passem a situar-se noutro plano - e ainda hoje permaneçam por esclarecer.
Muito gostava de um dia saber o que então se passou. E sem certezas sobre isso, não me é permitido sentir o entusiasmo por Bruno Lage que os seus primeiros meses na equipa principal do Benfica justificariam.
Ainda assim, sendo Bruno Lage o treinador do Benfica, é ele o meu treinador.
Viva o Benfica!

QUEM ESPERA, DESESPERA...

Se era para despedir Schmidt no sábado, já devia haver treinador na terça-feira. Aliás, já deveria até estar sinalizado antes.  Saíram e entraram jogadores que não se sabe se encaixam no modelo do novo treinador, que não se sabe quem é (por exemplo, se quiser jogar com três centrais, já não há Morato...). Espero que, ao menos, o próximo treino não tenha de ser dirigido por Nélson Veríssimo.

QUEM? (actualização)

BRUNO LAGE (conhece a casa e o futebol português, é benfiquista e aposta na formação // nunca cheguei a perceber a debacle de 2020 e não sei se ele próprio a percebeu, não fez grande coisa desde então)
SÉRGIO CONCEIÇÃO (teria o perfil ideal em termos de competência e conhecimento // a sua ligação ao FCP e a Pinto da Costa torná-lo-ia uma opção demasiado fracturante junto dos adeptos - aproveito para dizer que eu aceitava-o)
ABEL FERREIRA (tem competência, perfil e palmarés // ganha 4 milhões limpos/8 brutos, não sei se quer sair do Brasil, e não tem provas dadas na Europa)
LEONARDO JARDIM (fez excelentes trabalhos no Braga, no Sporting e no Mónaco // está há demasiado tempo fora de circulação)
PEPA (é jovem, benfiquista, e poderia ser uma aposta interessante // muitas dúvidas sobre a capacidade de treinar um grande, ainda por cima em crise)
PETIT (é aguerrido, conhece o clube e o futebol português // perfil demasiado defensivo e inexperiência ao mais alto nível)
RENATO PAIVA (conhece a casa, é benfiquista e aposta na formação // falta-lhe palmarés, e não sei se tem competências para tão grande responsabilidade)
PABLO AIMAR (inteligente, nome capaz de unir o benfiquismo e agregar a equipa, onde as principais figuras são argentinos // sem qualquer experiência como treinador principal, logo, aposta de alto risco)
MARK VAN BOMMEL (rigoroso e competente // desconhecimento total do clube e do futebol português, e demora na adaptação)
MASSIMILIANO ALLEGRI (com palmarés e prestígio // o seu último trabalho não foi famoso, a Juve jogava mesmo muito mal)
...

O MEU PLANTEL

Creio que terá ficado a faltar o guarda-redes suplente. De resto, gostava de manter Morato, Neres e Marcos Leonardo (mas não, caso andassem nos copos como se diz por aí), João Mário (mas não, caso fosse o salário mais alto do plantel, como também se diz por aí), João Neves (era impossível mantê-lo) e Rafa (que só mais tarde se vai ver a falta que faz e aquilo que foi para a equipa).
Em vez deles, teria vendido Kokçu e Cabral (caso alguém os quisesse), e desconfio bastante de Beste como opção A para a ala esquerda da defesa.
Seja como for, este é a partir de agora o meu plantel. É este que vou apoiar, e no fim fazem-se as contas.
Venha de lá então um treinador.

QUEM?

BRUNO LAGE
LEONARDO JARDIM
SÉRGIO CONCEIÇÃO
ABEL FERREIRA
DANIEL SOUSA
PEPA
PETIT
JOSÉ PESEIRO
RUI FARIA
RUI VITÓRIA
HÉLDER CRISTÓVÃO
VASCO SEABRA
DOMINGOS PACIÊNCIA
MARK VAN BOMMEL
DAVID MOYES
LUCIEN FAVRE
IGOR TUDOR
FÁBIO CANNAVARO
MAURIZIO SARRI
WALTER MAZZARRI
STEFANO PIOLI
PATRICK VIEIRA
MARCEL KEIZER
JORGE SAMPAOLI
RAFA BENITEZ
FRANK LAMPARD
JAVI GRACIA
THOMAS TUCHEL
...

ISTO TAMBÉM É PROBLEMA

Há pouco mais de quinze meses o Benfica festejava o 38º título. Até parece impossível como foi há tão pouco tempo...
Se olharmos para todos os jogadores utilizados nas competições dessa temporada (2022-23), verificamos uma debandada geral. Pelos mais diversos motivos, saíram da Luz 33 jogadores (!!). É verdade que alguns saíram logo na fase inicial dessa época, outros a meio, mas muitos deles estiveram no Marquês a festejar o campeonato.
As perguntas que faço são: 1) porquê tantas mudanças num plantel campeão? 2) até que ponto os equilíbrios de balneário, e/ou salariais, foram beliscados por uma revolução com tal dimensão?
Os jogadores não são bonecos de Playstation. São pessoas, que constituem grupos, que criam laços. E hoje, olha-se para o balneário do Benfica, e não vemos qualquer semelhança com aquele que se banhou com champanhe em Maio de 2023.
Admito que fosse impossível segurar Grimaldo, Enzo, Rafa, Ramos e Neves. Mas elementos como Vlachodimos, Gilberto, Morato, Ristic, Chiquinho, Paulo Bernardo, João Mário, Neres, Musa, Diogo Gonçalves ou Gonçalo Guedes podiam, ou deviam, fazer parte do plantel do Benfica.
Não há "Mística", nem dinâmica de grupo que resista a tanta mudança. E esse também me parece ser um problema deste Benfica.
Os que saíram são:
Sobram Samuel Soares, Bah, Otamendi, António Silva, Florentino, Aursnes e Schjelderup (que entretanto também saiu e agora voltou).
Já agora, diga-se que, em oito anos, o Benfica teve 2 presidentes, 6 mudanças de treinador e 119 jogadores. Investiu quase 400 milhões de euros. Ganhou apenas dois campeonatos - ambos com dois pontos de vantagem sobre o FC Porto.
Rui Vitória saiu em desgraça depois de ter conquistado dois campeonatos. Bruno Lage saiu em desgraça depois de ter conquistado um campeonato. Jorge Jesus saiu em desgraça tendo já conquistado três campeonatos. Roger Schmidt sai agora em desgraça, com um campeonato conquistado. Todos os treinadores que passaram pelo Benfica desde 2009 foram campeões (com excepção de Nélson Veríssimo que foi interino e mesmo assim chegou aos quartos-de-final da Champions). Todos saíram mais tarde em desgraça. Trata-se de um padrão. Sem perceber porque motivo isto acontece, não vale a pena contratar ninguém.

O NOVO TREINADOR

Numa citação livre de Flaubert, a única certeza que tenho é que, depois de tudo isto, continuará a contestação e o plano de autodestruição que alguns parecem ter para o Benfica.
Qualquer treinador será grelhado nas redes sociais, seja Bruno Lage, porque saiu do clube por baixo, seja Leonardo Jardim porque não trabalha há muito tempo, seja Sérgio Conceição porque é do Porto, seja Abel Ferreira porque, enfim, o brasileirão vale o que vale, seja Thomas Tuschel porque também é alemão, e mesmo que fosse o Guardiola haveria alguém a dizer que era muito caro.
Para mim, aquele que vier será o meu treinador. Tal como aquele que ocupa a cadeira da presidência é o meu presidente. 
E se, para treinador, há alguns nomes disponíveis, há que lembrar que, para presidente, na altura devida, ou seja nas eleições, não apareceu mais ninguém. 

OBVIAMENTE, DEMITIDO

Depois de ontem, não havia saída.
As declarações de Schmidt foram, elas próprias, um assumir de incapacidade para fazer mais - e é preciso fazer muito mais.
Mesmo com menos 5 pontos, ainda há tempo. Mas não há tempo a perder.
Viva o Benfica! 

PONTO FINAL

Ultrapassaram-se todos os limites, todas as linhas vermelhas, todos os benefícios da dúvida. É hora de dizer basta.
Schmidt confessa candidamente que não sabe como resolver os problemas da equipa. Pois eu também não sei. A diferença é que ninguém me paga 6 milhões para isso. Pelo contrário, eu é que estou farto de pagar, e não ver nada deste Benfica, cuja qualidade de jogo parece piorar semana após semana.
Talvez ainda haja tempo para, com um novo treinador, fazer alguma coisa deste lote de jogadores - também ele cada vez mais descaracterizado. Esta pausa será mesmo a última oportunidade para evitar comprometer desde já a temporada. Assim não se vai passar disto - que, é bom recordar, já vem de há muito tempo, já vem do final da época 2022-23.
Defendi este treinador até aos meus limites. Desconfiei do plantel, da sorte, dos pontas de lança. Tenho agora de dar o braço a torcer perante quem queria demitir Schmidt a meio da temporada passada. 
Agora, ou Rui Costa toma uma posição de coragem, assumindo que também ele errou (nomeadamemte com a extemporânea renovação do contrato do alemão), ou deixará margem para que cada vez mais gente o coloque na fotografia de um fracasso anunciado.
Há que demitir Schmidt. E já.

O ONZE POSSÍVEL

Entre lesões, jogadores na porta da saída e contratações não confirmadas, este parece-me o onze possível para Moreira de Cónegos. Já sei que não vai ser este, e que o Barreiro vai jogar. Não sei é porquê. A dupla Florentino-Barreiro (tratando-se de dois bons jogadores, mas nunca em dupla) tem sido uma das imagens de marca do cinzentismo benfiquista deste início de época. Também já sei também que o Otamendi tem de ser titular - é capitão e tal...Talvez, deste onze, não entrem em campo António e Leonardo. Mas o onze que proponho é o meu, e não aquele que acho que Schmidt vai escolher.
 

SEM HESITAR

Para uma parte significativa dos adeptos do Benfica, o dinheiro não interessa nada. Um pouco como para os nossos filhos, quando pedem este mundo e o outro, não lhes importando quem paga a conta.
Ora o presidente do Benfica tem de pensar de outra forma. O dinheiro não devia ser quase tudo, mas é. Devia haver paz no mundo, mas não há. As coisas são o que são, e não o que gostaríamos que fossem.
No futebol moderno a competitividade define-se, em larga medida, pelo orçamento: veja-se o City. E se o Benfica está hoje numa situação financeira privilegiada face aos rivais, tal deve-se às fabulosas vendas que tem realizado - sendo que, a meu ver, têm sido os pecados cometidos nas compras a impedir a tradução do orçamento em maior competitividade, mas isso é outra história. Ou, mantendo a conversa nos números, outros quinhentos.
Serve este preâmbulo para falar das eventuais transferências de Tomás Araújo e Marcos Leonardo, dois jovens talentosos, em que o Benfica aposta(va). Eu preferia que ficassem. Mas, à excepção da dignidade, tudo tem um preço. E recusar 40 milhões de euros por um suplente, ou um recém titular, parece-me absurdo.
Marcos Leonardo custou 18M. Tomás Araújo custou 0M. Se cada um deles for vendido por 40M, o Benfica realizará 62M de mais-valias. E isso, grosso modo, dá para, como diria Vasco Santana na "Canção de Lisboa", contratar quatro macacos a quinze macacos cada um - ou seja, quatro bons titulares para a equipa.
O brasileiro tem estado no banco. Araújo só agora se está a afirmar, mas, para o eixo da defesa há António, Morato, o capitão Otamendi, e ainda dois promissores jovens de equipa B (Gustavo e Bajrami).
40+40 e nem hesitava. Mas isso sou eu, que desconfio ser impossível pagar salários com amendoins. Os que, sabiamente, acham que é, vão colocar tarjas a dizer aos dirigentes para vender as suas mães.
A concretizarem-se as vendas, o plantel podia então ficar assim:

PS: De acordo com as últimas notícias, talvez Kabouré em vez de El Ouahdi. Quanto a guarda-redes, escolhia qualquer um menos Ricardo Velho.

ATÉ SEMPRE, MISTER!


Infelizmente, era uma notícia já anunciada. 
De Eriksson fica a memória de um grande treinador e de uma pessoa extremamente agradável e educada. A seu tempo, revolucionou o futebol português, constituindo na minha opinião, juntamente com Otto Glória e Bela Guttmann, o trio de maiores treinadores da história do Benfica.
Em 2+3 temporadas, conquistou três campeonatos e levou o clube a duas finais europeias (Taça UEFA em 1983 contra o Anderlecht e Taça dos Campeões em 1990 com o Milan). Com ele no banco, viveram-se momentos verdadeiramente épicos como as vitórias em Roma (1983) e em Londres com o Arsenal (1991), a mão de Vata (1990) ou o bis de César Brito nas Antas (1991).
Foi também, naturalmente, e na sua primeira passagem, uma grande figura da minha infância. E pessoalmente guardo um momento muito especial, quando, em 1983, me deu um autógrafo junto à entrada do antigo estádio.
Fica o consolo de o clube o ter homenageado ainda em vida, quando a doença já fazia antever o pior.
Até sempre, Mister!

SINAIS DE ALERTA

O quadro acima expressa os resultados dos dérbis lisboetas, em competições oficiais, já realizados na presente temporada. E não pode deixar de preocupar, até porque dois deles significaram competições perdidas, neste caso Supertaças (uma, a de Andebol, de forma humilhante).
Fora do âmbito do futebol sénior masculino, o Benfica até tem sido genericamente ganhador - mesmo na última época. Este pode ser um sinal muito negativo do que ai vem.
A equipa de Andebol, que não é campeã desde os tempos de Donner (2008), sofreu um importante revés no decurso da temporada anterior - que é do domínio público e determinou o despedimento do Team-manager, bem como a consequente saída de vários jogadores importantes. Estará ainda a procura de um projecto que lhe devolva a competitividade, face a um Sporting fortíssimo. 
Mas no Futebol Feminino, em que o Benfica ganhou tudo, as saídas de Ana Seiça, Kika Nazareth e Jéssica Silva (sendo que apenas uma delas era inevitável), sem substitutas à altura, podem ter comprometido o futuro imediato, e deixar escapar uma hegemonia que custou a consolidar..
Será interessante seguir também o que vai acontecer no Basquetebol, que é Tri-Campeão, mas, como no Futebol Feminino, vê sair alguns dos melhores, um deles para o FC Porto, outro para o Sporting.
Tudo isto faz lembrar aquele ciclista que vai à frente, a dada altura decide mostrar que consegue andar sem mãos, depois sem um pé, depois sem os dois, até que cai.
Enfim, entendo que os valores investidos nas várias modalidades (e o Benfica está em todas, nos homens e nas mulheres) podem ter chegado a níveis difíceis de sustentar, e tenham de ser revistos. Desinvestir precisamente nas equipas campeãs parece-me um critério dúbio, sobretudo quando do lado de lá não se vê nada disso.
Em todo o caso defendo que o Benfica esteja sempre em todas as frentes, com os meios possíveis para ser competitivo. Mas num clube com esta dimensão e esta história, jamais alguém poderá pensar que se está a ganhar demais. Temo que nos casos do Futebol Feminino e do Basquetebol, essa ideia esteja subjacente (ainda que de forma inconsciente) a algumas decisões tomadas.

MAIS DO MESMO

Ao fim de três jornadas, a sensação que fica é que se Gyokeres se mantiver no Sporting e Schmidt no Benfica, o campeonato terá fatalmente o mesmo destino do anterior.
Quanto a Gyokeres, resta-nos esperar que algum tubarão abra os olhos até dia 2. Já Schmidt, esse sim, é um problema nosso.
Alguém lembrará que, até há poucas semanas atrás, aqui defendia a continuidade do alemão. É verdade: depois de uma época boa e de uma época má, sendo que a última foi muito condicionada por alguns desequilíbrios de plantel, queria ver se, com um ponta de lança, o Benfica resolvia os seus problemas. Nestes três jogos percebi que não.
Os problemas do Benfica - e isso está a tornar-se óbvio a cada partida que passsa - são colectivos. A equipa não mostra o chamado fio de jogo, ou, por outras palavras, uma identidade que lhe permita entrar em campo de forma assertiva, confiante e autoritária, e mudar o rumo de situações que lhe sejam desfavoráveis. Os jogadores são, na globalidade, bons. Mostram-se disponíveis para lutar e para correr. Mas por vezes não sabem como nem por onde o fazer. E ao passo que todos os treinadores adversários conseguem identificar e manietar os pontos mais fortes do Benfica, Schmidt dá a sensação de ser surpreendido semana a semana por equipas que parece desconhecer. 
Desta vez deu para ganhar. A jogar assim vai haver muitos sustos e muitos dissabores - como em Famalicão, cuja lição não foi aprendida. 
Um dos pontos fortes do alemão tem sido a condição física da equipa. Até isso as reiteradas lesões musculares colocam agora em causa. 
Que me dera estivesse enganado, mas este Benfica, com este treinador, é um desastre à espera de acontecer. Até pode, com muita sorte, correr bem. Mas se, com um calendário favorável, que em condições normais ajudaria a cimentar a confiança da equipa, se vê apenas isto, tem tudo para correr mal. Não me admirava que Moreira de Cónegos fosse o princípio do fim. 

QUEM É O PRÓXIMO?

Ao que parece, João Mário estará de saída. Aquele que foi um dos elementos chave do último título conquistado pelo Benfica, que marcou mais de vinte golos jogando a médio, que se impôs em campo e no balneário com um profissionalismo exemplar, deixou de se sentir acarinhado pelos próprios adeptos - ou pelo grupo de auto intitulados adeptos, que o assobiam logo que toca na bola.
Quem será a próxima vítima dos "assobiadores"?
Sugiro que sigam a numeração das camisolas, ou das posições em campo: que tal assobiar Trubin até que se vá embora? E depois Bah? Otamendi já está na grelha. Depois pode ser António e por aí fora, até não termos jogadores, nem equipa, nem clube.
Nos outros países assobiam-se os adversários. Cá, e neste Benfica (que, dada a sua dimensão, é um bom espelho da complexa sociedade em que vivemos), damos tiros no pé consecutivamente, num processo de autodestruição que não sei onde irá acabar.
Amo o Benfica como sempre amei desde que me conheço. Mas cada vez sinto menos comunhão com uma parte dos seus auto intitulados adeptos, que acredito seja minoritária, mas cuja capacidade de fazer ruído e estragos é notável.

NERES

Sem ver os treinos, sem estar no balneário, não poderei ter uma opinião definitiva sobre a venda de Neres. Sobram três factos: é vendido por quase o dobro do que custou, é um excelente jogador, que pode vir a fazer falta, e mesmo com 30 milhões é difícil comprar alguém que dê as mesmas garantias.

O melhor Benfica de Schmidt foi sempre com Neres (e, já agora, com Enzo, e com Grimaldo, e com Rafa, e com Ramos...). Percebe-se que a renovação de Di Maria lhe retire espaço (e D Maria, não duvidemos, é melhor, ainda é melhor). Não se sabe, eu não sei, qual a atitude do jogador internamente perante a eventualidade de começar grande parte das partidas no banco.

A minha regra é: vender os jogadores cujo valor de mercado é superior ao peso desportivo (e no futebol português, acima de 50 milhões, isso é verdade para todos), e manter aqueles que, pela idade, pela discrição, ou por qualquer outro motivo, não valem tanto lá fora como cá dentro. Rafa era um bom exemplo, como o foi Luisão ao longo de grande parte da carreira. Temo que Neres encaixe neste lote.

E OS OUTROS?

A pergunta é honesta: será de mim, que só vejo as notícias relacionadas com o Benfica? Ou é a comunicação social que só fala do Benfica e ignora o que se passa nos outros quintais?
É verdade que saíram João Neves, Rafa e Neres. Mas... e nos outros?
O quadro acima, mesmo sem Jorges Sanchezs ou Wendelles das Silvas, mostra saídas importantes nos dois rivais. No caso do Sporting duas entradas ainda à espera de avaliação. No caso do FC Porto, com 500 milhões de dívida, nicles.
É importante salientar que ambos ficaram sem os seus capitães e principais referências da defesa, ambos perderam pontas-de-lança e, no caso do FC Porto, os melhores goleadores das últimas temporadas.
Até dia 2 de Setembro é vindima. Diogo Costa, Galeno, Francisco Conceição, Gonçalo Inácio, Morita, Edwards e Gyokeres, são nomes que o mercado pode chamar. E pelos milhões certos, ninguém dirá que não.
Uma coisa já é certa: a Liga Portuguesa ficará (ainda) mais pobre.

O ONZE PARA O MOMENTO

Para um jogo na Luz com o Estrela da Amadora, como com o Casa Pia ou com qualquer dos outros emblemas que povoam a primeira liga e, à excepção de Porto, Sporting e, por vezes, Braga, colocam o autocarro diante da baliza, queimam tempo e jogam com a irritação das bancadas, parece-me que o antídoto passa por uma máquina com tracção à frente. O problema nesses jogos (os Clássicos e a Champions levantam outras questões) resume-se a conseguir entrar no pouco espaço que existe (ou saber criá-lo) e a fazer o adversário saltar da toca, como dizia Jorge Jesus. Mesmo que se sofra um golo ou até dois, se se marcarem três ou quatro a vitória não fugirá. 
Dado aquilo que tem sido observado, creio que esta seria uma proposta razoável para 80% dos jogos do campeonato português. E tacticamente até nem difere muito dos saudosos tempos em que coabitavam no onze Aimar, Saviola, Cardozo e... Di Maria - que neste caso poderia vir a ocupar o lugar de Gouveia, quando recuperado. Barreiro seria alternativa a Florentino. Kokçu a alternativa a Prestianni. João Mário a alternativa a Aursnes. 
Haverá coragem e perspicácia de Roger Schmidt para a aplicar?

ERA PRECISO MEXER TANTO?

Vlachodimos / Leite

Gilberto

Grimaldo / Ristic

Enzo / Neves / Chiquinho 

Neres / D.Gonçalves / J. Mário? 

Rafa  / Guedes

Ramos / Musa / Araújo 

Campeões 2022-23

JOÃO MÁRIO, PERDOA-LHES

Sem qualquer sentido. 
É verdade que veio do Sporting, que não é um jogador rápido, e tem algumas oscilações de rendimento. Mas João Mário é um bom jogador, e acima de tudo um excelente profissional.
Assobiar no fim de um jogo, ou no momento em que sai de campp, enfim, acontece a muitos.. Quando simplesmente toca na bola, é apenas estúpido.
Se em 60 mil pessoas, 59500 estão em silêncio e 500 assobiam, embora estatisticamente valha o que valha, o coro faz-se ouvir e fere o profissional. Se alguém acha que assim um jogador rende mais, esse alguém é que está a mais no estádio, ou pelo menos na bancada dos benfiquistas. 

SEM CONVENCER

Tivesse sido todo o jogo igual aos últimos 20 minutos, e havia motivo para os benfiquistas ficarem mais animados. Como houve 70 minutos antes de Pavlidis cabecear para o 1-0 demasiado parecidos com a horrível jornada de Famalicão, há que manter algum cepticismo.
Nem tudo está bem quando acaba bem. Se acabasse o campeonato e o Benfica, mesmo ao pé coxinho, conseguisse milagrosamente ser campeão, eu não me importava. Quando faltam 32 jornadas, não é uma vitória como esta, muito mais difícil do que os números finais fazem crer, que me vai fazer dormir descansado.
Sublinho, a terminar, a entrada de Tiago Gouveia, que terá feito o melhor jogo pelo Benfica, e Prestianni que não devia ter saído. 

PREOCUPADO

Muito preocupado.
A minha regra diz que:
1) uma grande equipa pode perder um jogo decisivo contra outra grande equipa;
2) uma grande equipa pode perder um jogo não decisivo contra uma equipa menor;
3) uma grande equipa jamais pode perder um jogo decisivo contra uma equipa menor.
Obviamente o jogo de Famalicão não decidia o campeonato. Mas decidia, ou pode decidir, ou vai decidir, o clima geral no clube - que já vem com enormes cicatrizes da época passada.
Não sei se Roger Schmidt percebeu isso. Não sei o que Roger Schmidt percebe ou quer perceber.
Que este jogo não foi bem preparado, nem bem abordado, parece-me claro. Que havia em seguida dois jogos em casa, e entrar com três vitórias era extremamente importante para sanar a desconfiança de muitos adeptos,  parece-me coisa que nem terá passado pela cabeça do técnico germânico.
Como dizia Mark Twain, uma piada alemã não é para rir. 

NEGRO, COMO O EQUIPAMENTO

Após um jogo como este, torna-se muito difícil, até para os mais benevolentes como eu, acreditar num novo Benfica para a temporada 2024-25.
Não há perdão possível. A equipa teve tempo mais do que suficiente para preparar esta partida, não jogou pré eliminatórias nem supertaças e, ao arrepio de tudo o que era expectável, apresentou-se em Famalicão... de chinelos.
A primeira parte foi medonha. Nem um remate, torto que fosse. Um zero total, na defesa, no meio-campo e no ataque. Do pior que me lembro de há várias épocas para cá. Incompreensível. Inacreditável. Indesculpável. 
Na segunda pouca coisa mudou. Apenas Di Maria trouxe alguma vivacidade ao jogo, mas tarde demais para vergar um adversário organizado e sagaz, que mereceu amplamente a vitória. 
Não percebi as substituições, coisa que já não é de agora. João Mário manteve-se em campo noventa minutos, com um cartão amarelo que vinha da primeira parte, e com rendimento abaixo de zero - gosto dele, mas a verdade tem de ser dita. Kokcu entrou para... nada (e este já nem devia estar no plantel). Depois, deixei de entender fosse o que fosse, do Benfica e da forma como pretendia virar o resultado - partindo do princípio que o queria mesmo fazer
Sem eficácia, sem velocidade, sem intensidade, sem solidez, sem critério não é possível ganhar jogos. E Roger Schmidt, com esta fantasmagórica prestação da sua equipa, com esta derrota demasiado inconveniente, dá motivos de sobra para aqueles que o querem ver longe da Luz. Os jogadores que tem à disposição justificam muitíssimo mais do que esta miserável amostra - com consequências que não consigo prever. 
Desta vez, nem de Fábio Veríssimo o Benfica se pode queixar. Apenas de si próprio, e da forma ligeira como preparou este jogo, e o princípio de um campeonato que não podia, nem pode, perder.
Manda a serenidade que agora não escreva muito mais sobre esta triste partida. Não sou de ferro, e a vontade é de esmagar o teclado com insultos. Não é disso que o Benfica precisa neste momento. Mas começo a ter de concordar com quem acha que talvez precise de um novo treinador. Só espero mais dois ou três jogos para ter a certeza.
PS: É o que menos importa, mas também não entendo porque joga o Benfica com o equipamento alternativo (feio, como quase sempre) perante um adversário vestido de branco e/ou azul. Se acham que isto contribui para reforçar a identidade do clube junto dos adeptos, estão enganados. Um clube é uma história, um emblema e uma cor. Quando se começam a retirar elementos desta equação, corre-se o risco, desnecessário, de deixar lá ficar pouco. 

ONZE PARA FAMALICÃO


 

TRISTE

Normalmente só escrevo sobre futebol. Mas interesso-me por quase todas as modalidades, e acompanho o andamento de todos os campeonatos em que participa o Benfica.
Viktoriya Borshchenko era a melhor jogadora da equipa de andebol feminino, e a melhor que vi jogar com a camisola do Benfica - que, diga-se, é Tri-Campeão nacional.
A notícia da sua doença, e consequente abandono da prática desportiva, entristece-me profundamente.
Desejo uma boa e rápida recuperação, e aplaudo a ajuda que o Benfica lhe está a dar - esperando que continue a dar-lhe tudo e enquanto ela precisar.


O PONTO DA SITUAÇÃO

Nos próximos 25 dias ainda há trabalho a fazer, nomeadamente:
- Assegurar quem lute com Trubin pela titularidade na baliza. Os dois jovens parecem-me demasiado verdes para essa missão, devendo ficar apenas um deles (neste caso, Samu) como terceiro guarda-redes;
- Tenho dúvidas sobre a adaptação de Tiago Gouveia a lateral. Seria excelente para o Benfica e para ele, até como oportunidade de carreira. Não tenho opinião fechada sobre o assunto, e caso tal não seja viável, há que colmatar as costas de Bah, pois Spencer é talentoso mas demasiado jovem para assumir essa responsabilidade;
- Fosse eu a mandar e tentaria vender Kokçu e Arthur Cabral ao melhor preço. São para mim, dois rostos do fracasso da época passada. E talvez tenham mercado, um na Turquia, outro no Brasil, ou ambos no Médio Oriente. Aceitaria, 20 pelo turco e 12 pelo brasileiro, limitando as perdas. Um dos avançados tem de sair, e se a Cabral se juntar Tengstedt, contratando-se em sentido inverso um Musa qualquer, seria fantástico;
- André Gomes, Diogo Spencer, Gustavo Marques, João Rêgo e Martim Neto, não terão muito espaço no plantel. Para alguns deles, voltar à Equipa B seria regredir. O limite de empréstimos dificulta este tipo de casos. Mas pelo menos Spencer, Gustavo e Rêgo parecem ser de segurar, seja qual for a forma de o fazer;
- No Benfica haverá sempre lugar para um génio como João Félix. Se for possível, sem cometer loucuras, venha ele.

ATÉ UM DIA DESTES, MIÚDO!

Ao segundo ou terceiro jogo de João Neves na equipa principal do Benfica, percebi que não iria ficar em Portugal por muito tempo. A capacidade técnica, mas sobretudo a agilidade física e a personalidade com que assumira o meio-campo da equipa num momento delicado, indicavam estar ali um craque.
Conquistou o título com o Benfica, foi a dois quartos-de-final da UEFA (um deles na Champions), estreou-se na Selecção Nacional e esteve no Euro 2024. Uns dirão que o momento certo era daqui a um ano, outros que podia ter sido antes do Euro (em que não foi titular). Mas o momento certo é aquele que o mercado determina. E por vezes o comboio não passa duas vezes.
O Benfica não pode obrigar nenhum clube a pagar mais, ou a comprar o jogador noutro momento. E a verdade é que precisa do dinheiro, não podendo obtê-lo com jogadores que ninguém quer.
João Neves era o mais valioso do plantel, e como tal aquele que compensava vender - como, a seu tempo, Renato Sanches, depois João Félix, Darwin e Gonçalo Ramos.
É triste que o Benfica tenha de vender, ano após ano, o seu maior craque. A culpa é de uma liga portuguesa que não gera receitas capazes de assegurar a estabilidade financeira por outras vias. 
Por mim, prefiro vender o melhor por muito dinheiro, para não ter de vender vários outros ao desbarato (Bah, Aursnes, Neres, António etc), nem quebrar a espinha dorsal da equipa. Faz-se o dinheiro que se tem de fazer, e reinveste-se - espero que este ano bem melhor que no ano passado. 
A João Neves, toda a sorte do mundo. E que um dia, já com a sua vida conquistada, possa voltar a casa.

UMA PEDRINHA DE GELO

Talvez houvesse já alguma euforia em demasia. O Benfica é assim: para o bem e para o mal, com crises exageradíssimas, e optimismos precipitados.
Do jogo com o Fulham poderá dizer-se que o resultado foi pior do que a exibição. E foi mentiroso, pois houve um penálti do tamanho da costa algarvia sobre o Bah, que podia ter ditado um desfecho mais simpático.
Ainda assim foi um bom teste, que também serviu para expor o que está por ajustar. É bom lembrar que só agora estão a regressar os mundialistas, ainda haverá Otamendi e Di Maria, Renato Sanches, bem como, mais tarde, Rollheiser e Schjelderup - que até pareciam ter entrado bem na pré época.
Deixo uma palavra final para Prestianni, que mais uma vez aproveitou muito bem a oportunidade. Está ali uma pérola. Espero que não se estrague. E se Otamendi e Di Maria não servirem para mais nada, estou certo que terão um papel importante no desenvolvimento deste miúdo.
Agora venham os jogos a doer. 

DOIS ONZES

 

20 MINUTOS À EUSÉBIO

 ...e uma goleada a condizer, com destaque para mais dois golos de Pavlidis, e para a confirmação de Prestianni como potencial craque para os próximos anos.
Acabou 5-0. Podiam ter sido 7 ou 8. No início da segunda parte, o Feyenoord também podia ter marcado.
Foi importante manter a baliza a zeros. Se os holandeses não são, de facto, grandes defensores, no ataque têm jogadores de altíssimo nível. Pode dizer-se, pois, que o Benfica fez uma exibição completa, com momento elevadíssimos, e outros de controlo mais ou menos seguro do adversário.
Isto começa a fazer lembrar 2022, quando a pré-época mostrou  reforços com elevado rendimento (na altura Enzo, Neres etc). Veremos como acaba, mas para já há que abrir alas à esperança. Parece haver boas razões para isso.


COMEÇO A ACHAR GRAÇA A ESTE MIÚDO

O Benfica não ganhou este jogo, mas também ainda não perdeu em toda a pré-temporada. Pavlidis marcou em todas as partidas, o que demonstra aquilo que sempre tenho defendido: um jogador maduro, e com qualidade, não necessita de qualquer período de adaptação. Jonas, na estreia a titular, fez um hat-trick. Obviamente não acho que Pavlidis seja Jonas (bem gostaria que fosse...), mas é um avançado, um bom avançado.
É fantástico voltar a ver um ponta-de-lança no Benfica. E é uma pena que não se tenha saltado directamente de Gonçalo Ramos para este grego. No ano passado, volto a dizer, o problema (ou, pelo menos, o maior problema) residiu precisamente nessa posição, onde quase sempre faltou qualidade e eficácia. Qualidade a Tengstedt e, vamos ser simpáticos, eficácia a Arthur Cabral. Quanto a Marcos Leonardo, além de muito jovem, parece funcionar até melhor no apoio a um verdadeiro "9" - como se tem visto nestes jogos.
Mas a grande surpresa (ou semi-surpresa, porque já se tinha mostrado em Águeda) foi a exibição de Prestianni. Que tinha bom toque de bola, já toda a gente suspeitava. O que se viu esta noite não foi propriamente um "brinca na areia" (como eu temia), mas um verdadeiro jogador de futebol, com técnica, garra, velocidade e critério no passe. É claro que tem muito para crescer, e não sei se na sombra de Di Maria, Neres e, eventualmente, Félix, terá espaço para o fazer. Mas que está ali uma pérola, parece ser um facto. Que tenha juízo e humildade, pois talento não lhe falta. Começo a achar-lhe graça. Muita graça.
Ficam pois boas indicações. Faltam dois jogos de preparação, falta chegar quem ainda está de férias, falta um médio (para o lugar de Neves, pois Barreiro parece mais outro Florentino, o que não é uma crítica) que bem poderia ser Renato Sanches. Se também vier Félix, melhor ainda.
Falta sobretudo união e apoio dos adeptos. A época passada foi muito complexa nesse aspecto, e não pode repetir-se, sob risco de se acentuar um ciclo negativo em torno do clube e da equipa.
Como disse Schmidt, quem não apoia devia ficar em casa. O Benfica não aguenta a turbulência que alguns "pseudo-adeptos" "pseudo-exigentes" têm lançado sobre ele - quer nas plataformas digitais, quer, pior ainda, dentro dos estádios.
Fica o meu apelo aos benfiquistas mais descontentes: quem não gosta da direcção, quem não gosta do presidente, trabalhe serenamente, intensamente até, se quiserem, e de preferência na sombra evitando o espalhafato mediático, para encontrar uma alternativa credível para as próximas eleições. Esse sim, seria um bom serviço prestado ao clube e à sua democracia interna, e uma excelente forma de manifestar o tal descontentamento ou a tal "exigência" por mais e melhor. Esse sim, será o momento certo para avaliar Rui Costa e a sua equipa dirigente, e para aparecerem as verdadeiras alternativas visando o futuro. Não é com insultos e veneno, ou com a crítica mais destrutiva, que o Benfica irá ser mais forte.
Aos que só sabem dizer mal de tudo e de todos (menos deles próprios, claro), lançando veneno e insultos, aos que só buscam protagonismo e visualizações, aos que estão ressabiados por terem sido corridos do clube, aos que estão ressabiados porque queriam entrar no clube e não entraram, para esses não tenho nenhum conselho. Espero apenas que não se lhes dê a importância que não têm. O Benfica não é deles. É nosso. De todos nós.

O QUE SE DIZ...DE BADAJOZ PARA LÁ

Nada como um olhar externo para, friamente, sem manias nem complexos, analisar o que é realmente o Benfica de hoje.
Já tive esta experiência pessoal. A de, no estrangeiro, ao afirmar o meu benfiquismo, não me falarem apenas de Eusébio, mas também de uma gestão desportiva de excelência, de um clube que forma bem e vende caro, que investe o dinheiro nas suas próprias infraestruturas e vai mantendo, contra todas as previsões, um desempenho internacional que impressiona a Europa - com três quartos-de-final  consecutivos (dois deles na Champions), coisa única fora dos chamados "Big Five".
Eis um artigo do Às, que creio não carecer de tradução:

"Ante el rápido crecimiento de los grandes clubes europeos en los últimos años, algunos equipos han tenido que ingeniárselas para seguir siendo competitivos al más alto nivel en Europa. Probablemente, el club que mejor ha sabido moverse en los mercados de fichajes recientemente ha sido el Benfica, pues no solo se ha convertido en un gran destino para comprar jugadores prometedores , sino que también vende a precios muy elevados y siempre lleva la delantera en las negociaciones.
Así, el equipo portugués, que el año que viene jugará la Champions League, se ha convertido en especialista en comprar o formar a jóvenes talentos para luego venderlos por grandes cantidades. En esta línea, el club portugués ya está rentabilizando a su última ganga: Vangelis Pavlidis, delantero del AZ Alkmaar que se convirtió en el máximo anotador de la pasada liga holandesa, por el que el club lisboeta pagó 18 millones de euros.
Por menos de 20 millones, el Benfica ha demostrado que sigue siendo, un mercado de fichajes más, el más listo de la clase. En sus filas ya milita un delantero autosuficiente para encontrar situaciones de disparo e inteligente a la hora de recibir balones al espacio. Un ariete técnico en espacios reducidos, con buena definición e intensidad en cada acción. El proceso es siempre el mismo. Solo el tiempo dirá si se trata de otro de esos jóvenes que el equipo retiene poco tiempo, para luego negociar su venta por cifras millonarias o si desarrolla su carrera en las filas de los de Roger Schmidt. Aprieten sus carteras porque su valor de mercado ya está en alza."

VITÓRIA NATURAL

Como já disse das partidas anteriores, estes jogos de pré-época, sobretudo com metade dos titulares em férias, valem sobretudo para ver os reforços, e para perceber, de entre os mais jovens, quem tem eventualmente condições para permanecer no plantel principal.
Nesse sentido, posso dizer que gostei, uma vez mais, de Pavlidis. Parece-me, de facto, a peça que faltava durante toda a temporada passada. Mas também gostei de Marcos Leonardo, e da dupla entre ambos, responsável pelos melhores momentos da primeira parte do jogo.
Barreiro parece-me novamente uma espécie de Florentino 2 - o que não é mau de todo, mas não assegura, de modo algum, a substituição de João Neves.
Beste fez uma assistência. Enfim, não vou dizer muito mais do que já disse sobre ele: é uma contratação que não me entusiasma nada. Vamos ver. Oxalá me engane.
Quanto aos jovens, gostei em particular de Diogo Spencer. João Rêgo pareceu-me demasiado verde, embora estivesse deslocado da sua posição natural, o que lhe vale o benefício da dúvida. E não gostei mesmo nada de Martim Neto - lento, pesado e desconcentrado. Bajrani e Gustavo Marques são fortes, intensos, e merecem alguma atenção. Mas com Otamendi, António Silva, Morato e Tomás Araújo, não vejo muito espaço para eles. Prestianni mostra talento, mas o seu espaço na equipa estará certamente dependente de terceiros- sendo que, para não jogar, ou jogar pouco, talvez não fosse má ideia emprestar durante um ano.
Quinta-feira há mais.

FUTEBOL MODERNO / JOGADOR MODERNO

Para quem ainda não percebeu, tenho uma má notícia: o futebol, em 2024, é uma indústria.
Não adianta perguntarem-me se gosto. Não perco tempo a discutir inevitabilidades. É assim, e não podemos fazer nada para o evitar. Quem não gosta, não veja.
No chamado futebol moderno, a tal indústria, também o jogador se "modernizou". Longe vão os tempos em que o sonho de qualquer criança que entrava nos iniciados do Benfica (não havia escolinhas) era fazer carreira na equipa principal do seu clube do coração. Hoje, o sonho de qualquer jovem minimamente talentoso das escolinhas do Benfica, do FC Porto, do Sporting ou do Moimenta da Beira, e dos papás desse jovem, é simplesmente... enriquecer. Enriquecer o mais possível e o mais depressa possível, que a carreira é curta e incerta.
Não coloquemos as coisas numa perspectiva moral. Se em 1980 os mais talentosos tivessem a chamar por eles ordenados estratosféricos nas principais ligas do continente, também sonhariam de forma diferente. É da natureza humana.
João Neves até pode gostar muito do Benfica. Acredito que goste, embora, confesso, e sem o conhecer pessoalmente, me pareça um jovem de emoções bastante, diria, controladas. João Félix, Ruben Dias, Gonçalo Guedes, Renato Sanches, Gonçalo Ramos ou Nélson Semedo também talvez gostassem. Todos eles naturalmente saíram, para ir à sua vida e assim que houve hipótese, de forma a garantir a independência financeira deles próprios e das suas famílias. Todos eles cumpriram o seu sonho de criança. E até a Kika Nazareth já se foi embora...
Acredito que alguns deles, em final de carreira, como fez Rui Costa, e como espero que faça Bernardo Silva, depois de acomodarem a vida possam, então sim, ter condições para prescindir de um ano ou dois de salário e fazer uma perninha com a camisola do clube do coração vestida.
Mas enquanto são jovens, enquanto não têm o futuro salvaguardado, não adianta esperar outra coisa: todos querem sair rapidamente.
Até porque quem fica demasiado tempo, corre o risco de causar algum cansaço nos próprios adeptos. Veja-se Pizzi, veja-se Rafa. É que o futebol também é ingrato. Muitos adeptos também o são. Não nos queixemos pois. 
Adeus João Neves, boa sorte para tudo, e que um dia, daqui a dez ou doze anos, já com a conta bancária bem composta, possas voltar a vestir a camisola do Glorioso.

LIÇÕES DE HISTÓRIA

O passado é sempre mais romanceado por quem não o viveu, e apenas conhece os momentos heroicos (aqueles que ficam nas vitrinas da memória), ignorando o quotidiano de cada tempo histórico. Ora à excepção do tempo do Eusébio (doze anos singulares nos 120 da história do clube da Luz ou de qualquer outro clube português), não creio que o Benfica tivesse alguma vez sido aquilo que hoje dele se exige: que ganhe todos os campeonatos, que se apresente forte na Europa, que esmague os rivais, que acerte todas as contratações, que, em suma, seja perfeito.
Na velha antiguidade dos Campeonatos de Portugal, FC Porto e Sporting eram mais fortes e ganhadores. Depois, por exemplo entre 1945 e 1955, o Benfica venceu apenas um campeonato e nem sequer tinha estádio (era o clube dos pobres e desfavorecidos do salazarismo, que andava de casa às costas a mendigar ajuda aos associados). Pouco antes de Eusébio se estrear, o Sporting era dominador e tinha dez títulos nacionais para nove dos encarnados. Chegámos então ao tal período impar, com o "Pantera Negra" e sem FC Porto (entre 1959 e 1978 os nortenhos não só nada ganharam, como nem sequer davam luta, chegando a ficar em 9º lugar), que mudou toda a história do futebol português. Mais tarde, entre 1977 e 1994, o FC Porto, independentemente dos métodos utilizados, assumiu-se como mais vitorioso que os encarnados (nesse período, oito títulos para sete). Entretanto vieram sucessivamente a gestão optimista e gastadora de João Santos, a gestão desorganizada e irresponsável de Jorge de Brito e a gestão incompetente e ziguezagueante de Manuel Damásio, que deitaram o Benfica para a maior crise do seu historial e para os braços do caos, do populismo e da corrupção mais descarada personificada por João Vale e Azevedo. Foi o chamado "Vietname", cujo trauma só pode ser entendido por quem por ele passou. Infelizmente, foi o meu caso - a agravar, numa altura em que, por circunstancias da vida, vivia mesmo ao lado do Estádio da Luz.
Nesse período, que mantenho bem presente na memória, confesso que cheguei a pensar (e não só eu) que o Benfica ia a caminho de uma espécie de belenensização, e não voltaria nunca a ganhar campeonatos - tal chegou a ser a desproporção de meios, de créditos e de futuros. Não havia dinheiro, não havia instalações, não havia organização, não havia activos, não havia credibilidade, não havia modalidades, não havia mística, não havia rumo, enquanto, paralelamente, todas as estruturas subterrâneas do futebol português eram capturadas por um FC Porto organizado, metódico, laborioso, e para quem os fins justificavam todos os meios. 
Quando hoje se invoca, depreciativamente, estupidamente, ignorantemente, o termo SLV2003, é caso para dizer, como Jesus Cristo: perdoem-lhes porque não sabem o que dizem.
Foi o tal SLV2003 que modernizou o clube, o dotou de estruturas e condições para competir, o recentrou num futebol que entretanto já era outro, muito mais mercantilizado, muito mais profissionalizado, muito mais dependente da geração de receitas e de áreas como a comercial e a financeira, isto após o Tratado de Maastricht, a criação da Liga dos Campeões e a Lei Bosman, comboio que o Benfica estava em sérios riscos de perder para sempre.
A exigência é benéfica se exercida com realismo. Caso contrário torna-se contraproducente, não permitindo um crescimento sustentado, e naturalmente feito de altos e baixos, de avanços e recuos, obrigando a começar tudo do zero a cada momento, criando ruído, descrença, desunião, e potenciando um ciclo autodestrutivo utilizável por uma comunicação social também ela muito diferente, para o bem e para o mal, da do século XX, e por rivais que não hesitem em explorá-la em seu benefício.
O Benfica está bem. Mesmo muito bem. Nunca teve tantos sócios, nunca vendeu tantos lugares cativos, nunca gerou tantas receitas, nunca praticou tantas modalidades, nunca teve tão boas infraestruturas, e, que me recorde, nunca teve uma situação económico-financeira tão mais estável e robusta que a dos rivais directos - o que o dota de uma capacidade de investimento sem paralelo no país. Desportivamente, e só no futebol profissional, nos últimos onze anos o Benfica ganhou seis campeonatos, o FC Porto três e o Sporting dois; e vem de três anos consecutivos nos Quartos-de-Final da provas da UEFA, duas delas na Champions League, algo que não conseguia desde a década de sessenta. O clube da Luz tem hoje condições invejáveis face aos seus concorrentes, e essas condições, como diria António Guterres, não nasceram do vácuo.
Tudo isto tem de continuar s ser alimentado com vitórias. Mas não se pode deitar fora o menino com a água do banho. É preciso perceber, por exemplo, o que fez o Benfica efectivamente perder o último Campeonato , e não confundir razões desportivas e circunstanciais com razões estruturais ou de fundo. É preciso saudar a aposta no desporto feminino, que dá ao pioneiro Benfica um domínio esmagador numa área cuja importância só um dia mais tarde será relevada. É preciso valorizar o investimento nas modalidades de pavilhão (onde ninguém ganha mais do que o Benfica) e no projecto olímpico (praticamente só atletas benfiquistas como Pimenta, Ribeiro ou Pichardo, lutarão por medalhas em Paris). Obviamente não serão os rivais a expressar essa valorização.
Hoje há muito mais informação disponível, mas a inteligência humana é a mesma que inventou a roda. Toda essa informação, multiplicada e distorcida por variadíssimos e outrora inexistentes canais, torna-se muitas vezes mero ruído. O Benfica, como clube mais popular, acaba por ser também o mais exposto ao folclore mediático, e à estupidez natural que brota das redes sociais, bem como a um modus vivendi que se traduz em dizer mal de tudo e de todos, e exigir tudo a todos e já, excepto, naturalmente, aos próprios.
É uma pena que uma facção dos adeptos não entenda nada disto, e embarque nessa onda negativista. E se, nos tempos antigos, quando o presidente do clube ia lá uma vez por semana assinar os cheques, a retórica destrutiva, ou não existia, ou resumia-se à tasca do bairro, hoje tem um efeito potenciado e extremamente nefasto para a estabilidade presente e futura do clube. E nem falo dos casos, que também existem, de gente ressabiada por, ou ter cessado ligação ao clube, ou pretender tê-la sem o conseguir.
A mim, nunca me irá pesar a consciência. Sofro pelo Benfica desde que me conheço, já chorei pelo Benfica de tristeza e de alegria - e se chorei de tristeza por várias razões na vida (morte de familiares ou outras situações pessoais), por alegria, meus amigos, só o Benfica me fez soltar lágrimas, tal a paixão que lhe devoto. Gastei e gasto muito dinheiro para acompanhar o clube (já não vivo perto do estádio, nem sequer em Lisboa), nunca tendo dele recebido um cêntimo - embora colabore semanalmente com o jornal, desde 2008, a título 100% gracioso. Pode haver gente tão benfiquista quanto eu,. Mais do que eu, garanto a pés juntos que não há. 
Obviamente isso não faz de mim dono da razão. Mas nada faz de nenhum indivíduo ou grupo de indivíduos donos da razão, pelo que todos temos o dever de respeitar as maiorias. E não tenho dúvidas que a maioria dos sócios e adeptos do Glorioso sabe valorizar o clube que tem, e, mesmo não gostando de perder um campeonato, não dispara tiros que ferem a sua própria alma - como infelizmente algumas minorias, que se julgam vanguardas esclarecidas, fazem quase diariamente por aí. Perdoem-lhes, pois não sabem o que fazem.

MAS É CLARO QUE VAI SAIR

O jogador sonha, a família aconselha, o empresário pressiona, o clube precisa. Alguém tem dúvidas que João Neves vai sair do Benfica? Alguém tem dúvidas que qualquer profissional, a quem seja oferecido um salário cinco vezes maior, sai logo a correr? Ou pensa que os clubes portugueses conseguem viver e manter-se competitivos sem a receita extraordinária da venda dos seus mais preciosos talentos (aqueles que o mercado efectivamente valoriza)? Ou que qualquer instituição portuguesa tem condições de recusar 50, 60 ou 70 milhões de euros?
Não. Não haja ilusões. As coisas são o que são, e não o que gostaríamos que fossem. Portugal é um país periférico, e tem uma Liga miserável que ninguém vê em parte nenhuma do mundo (a não ser nos PALOP's, que não têm dinheiro). Está, e vai estar sempre, exposto a este modelo, que é o único que ainda permite alguma competitividade, e é elogiado na Europa.
Até 31 de agosto, quase cortava uma orelha em como o jovem algarvio vai partir para a sua independência financeira, e o Benfica vai embolsar uns quantos milhões - que lhe permitirão manter-se economicamente saudável. E não fosse uma intervenção cirúrgica (a juntar à ausência da Champions e do Euro), diria exactamente o mesmo de Gyokeres.
Quem atacar o presidente por vender o jogador, ou é profundamente ingénuo e não percebe como funciona o futebol moderno, ou está simplesmente de má fé. Digo mais, é provável que Rui Costa diga e repita que não vende, para esticar o preço o mais possível, até chegar ao maior valor possível e voltar com a palavra atrás. É assim que se negoceia. É assim que se defende o interesse do clube, no meio deste lago de tubarões em que estamos metidos.
Quem não gosta disto, dedique-se aos Iniciados do Polo Aquático enquanto é tempo. Aí ainda não circulam milhões, não são precisos orçamentos exorbitantes, nem salários estratosféricos de fazer qualquer um perder a cabeça. 

CONTAS FINAIS


Com as finais competições continentais de selecções, com o Campeonato Nacional de Atletismo ao ar livre, e com a Taça de Portugal de Hóquei feminino, pode dizer-se que terminou este domingo a temporada 2023-24.
O balanço final de vitórias é o seguinte.
MASCULINOS: Benfica 23, Sporting 18, Porto 9, Braga 3 e outros 17
FEMININOS: Benfica 36, Sporting 4, Braga 2, Porto 1 e outros 21
TOTAL: BENFICA 59, Sporting 22, Porto 10, Braga 5 e outros 38
O acumulado de títulos dita agora que o Benfica soma 1318, o Sporting 1025 e o Porto 753.
Assim se vê quem é, de facto, a maior potência desportiva nacional.

COMO EXPLICAR ISTO?

Entre Mundiais e Europeus, Ligas dos Campeões e Ligas Europa, o futebol do país vizinho venceu todas (!!) as 23 finais que disputou desde 2001. Além destas, houve mais quatro finais discutidas entre eles, pelo que totalizam, no período, 27 vitórias. Mais do que o número de triunfos e de troféus (já de si impressionante), é espantoso como não perdem uma única final. A última derrota, nestas competições, foi precisamente em 2001, cedida pelo Valência diante do Bayern, após desempate por penáltis.
Alguém um dia disse que as finais não se jogam, ganham-se. O problema é que isso valeria para ambas as equipas em campo, e só uma o consegue. Ser sempre a espanhola é já um padrão, que merece ser analisado - por exemplo, pelo Benfica, que tem um historial proporcionalmente inverso.

FEZ-SE JUSTIÇA

Num Europeu que, genericamente, foi de menos a mais, começando com futebol sonolento, maus relvados, arbitragens medíocres e problemas de segurança, terminando com bons jogos e com a vitória justa da melhor equipa em prova, a Espanha alcançou o seu quarto título continental.
Olhando para os plantéis, já houve espanhas mais impressionantes. E havia outras selecções que, à partida, pareciam mais capacitadas (entre elas, diga-se, Portugal). O que é certo é que, com um punhado de jogadores em grande forma, e uma ideia de jogo colectivo muito bem trabalhada pelo seleccionador, esta Espanha foi vencendo sucessivamente Itália, Alemanha, França e Inglaterra, sempre de forma dominante e vistosa, até erguer o troféu em Berlim.
Destaque natural para Yamine Lamal, que foi a estrela do torneio, fez lembrar os primeiros tempos de Cristiano Ronaldo, e cheira claramente a futuro "Bola de Ouro". Mas também Rodri, Nico Williams e Dani Olmo estiveram em evidência.
Pessoalmente, por motivos familiares, preferia que a Inglaterra ganhasse. Mas curvo-me perante esta equipa espanhola, que foi sem dúvida o vencedor mais justo.

JÁ TINHA SAUDADES

Já tinha saudades de ver o Benfica jogar com um ponta de lança.
Depois de uma temporada entregue a um artista de circo, um tosco e uma criança, agora parece, enfim, haver um avançado - não necessariamente um Van Basten, mas um avançado.
Como sempre defendi, a última temporada foi decidida aí, na área contrária. Uns tinham Gyokeres, e os outros... Enfim, não baterei mais no ceguinho.
O que interessa é que Pavlidis existe, e logo nas primeiras oportunidades não desmereceu a confiança. 
Como se viu também na selecção portuguesa, não adianta ter craques a construir se não houver quem finalize. O futebol são resultados, e os resultados são golos. Acredito que, depois dololorosa demonstração ao longo de um ano inteiro, o Benfica o tenha percebido. 

MUITO TRABALHO PELA FRENTE

Quando se sofrem dois golos de rajada, mas a defesa é formada por André Gomes, Leandro Santos, Bajrami, Gustavo Marques e Tiago Parente, não há muita coisa a acrescentar.
Do jogo com o Celta (já agora, porquê insistir neste maldito adversário em todas as pré-épocas?), prefiro guardar a primeira parte, os dois golos de Pavlidis (e estes começos, que dispensam fases de adaptação, são os que eu mais gosto), bem como a frescura que Neres confirmou, parecendo querer desde já assegurar o seu bilhete para a titularidade.
Fica uma nota, que aliás já vem da época passada: Trubin tem dias, mas quer Samu, quer André Gomes deixam-me muitas interrogações quanto à capacidade de serem soluções para o Benfica. Que tal pensar num guarda redes, por exemplo da liga portuguesa, sem gastar muito dinheiro, mas que tenha a experiência suficiente para garantir um eventual azar? 

BOAS SENSAÇÕES

A pré temporada é uma simples ferramenta de trabalho, e raramente permite tirar conclusões. Ainda menos nestes jogos iniciais, com meia equipa de férias.
De qualquer modo, e olhando apenas para as prestações individuais, gostei do que vi.
Rollheiser, Prestianni e Pavlidis deixaram boas notas, enquanto, dos mais antigos, Neres pareceu-me já bastante fresco, tal como Florentino.
A adaptação de Gouveia à linha defensiva também pode não ser má ideia. Para o Benfica, e para o futuro do jogador.
Enfim. Amanhã há mais.