// do caderno ,os rabiscos

É tarde.

Não demora, o sol vai se esconder. 

Todas as manhãs ele se aproxima na varanda

 numa imutável trajetória.

As esperanças que estavam aspergidas no ar

 não tocarão o solo.

Devaneios evaporarão nas nuvens que

 encobre a realidade,

É noite. 

Nada mais há a fazer.

 Durma.

( abril, 2024)

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Fotografia_( em LesCarroz d'Arachês,France,,na montanha )

/// doando palavras

'Como fazer para transformar as palavras em visões ?

Como fazer para celebrar o que nos dá sem negar aquilo

que se nos escapa?

Como fazer para converter a linguagem em

um refúgio antes que uma prisão, em um altar  ?''

( r.juarroz)

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( rio Rhône, genebra, suiça, 2024)

// contemplação da palavra

'A palavra tem um olhar, ela

pode cair no nosso pensamento como

 fruto maduro;

pode chegar até nós como uma festa ou renovar-se 

em outras palavras e imagens;

 pode cantar como pássaros , voar , produzir instantes de

epifania ou até mesmo ser um espaço de trânsito 

porta e brecha.'

( R.Juarroz)

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// exercendo habilidades

... ' porque o tempo é a quimera da recordação que desfolha os dias 

Nao receies. Haverá sempre fluidez.

E a dádiva das esquinas é a manifestação das incógnitas

 ou se preferires, dos

 suspiros que envolvem os abraços.

O que é a vida sem variáveis  ou compassos?'

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( quando voê erra a mão e gosta das 'variáveis')

/// escreve e uiva ..

"Por afrontamento do desejo insisto

 na maldade de escrever mas 

não sei se a deusa

sobe à superfície ou apenas me

 castiga com seus uivos"

(Ana Cristina César )

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/// das preferências

Alegrias, viajando

     Dores,as suportáveis   Casos, inexplicáveis 

 Amores, os possíveis

Conselhos, irrealizáveis  Meninas,as minhas

Homens, os poetas  Orgasmos, êxtase

Ódios, Nunca   Domícilios, o inesperado

Adeuses,  até logo

  Artes, as sublimes Professores, inesquecíveis

 Prazeres, desejáveis   Projetos,os sonhados 

 Inimigos,os afáveis   Amigos, queridos

  Cores, os azuis   Mania,fotografia

Meses, o próximo    Paisagem,pôr-do-sol

Elementos,a terra   Divindade, anjos

Vidas,autênticas

                   Morte,rápida.

(minha releitura da lista de Bertold Brecht)

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// entre muitas

"Sou quem sou 

Inconcebível acaso

Como todos os acasos

...

Eu também não tive escolha

mas não  me queixo 

poderia me ser tirada 

a propensão para comparações.

Poderia ser eu mesma _mais sem o espanto 

de ser  totalmente diferente "

(Wislawa Szymborska )

 

 Mas bem poderia ter sido uma flor ,,,

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/// das sessões de nostalgiia

... gosto do silêncio,mas não sou silenciosa.

Sonho acordada, choro nas cenas tristes dos filmes e 

quando me sinto sozinha demais, escrevo .

Na maioria das vezes ,sou prolixa,quase

 uma dissertação.

Como aqueles temas que pediam na escola . 

Passava horas lendo as redações que a minha

 professora-madrasta trazia para corrigir em casa.

Habituei-me escrever como elas_ assim

 livre ... despojadamente,

quase sempre com alguma coisa fora do lugar.

 Devo ter faltado as aulas de pontuação nunca

 sei onde jogá-las.

( 2024 ,junho)

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/// estranho sono

'Estranho é o sono que não te devolve.

Como é estrangeiro o sossego

de quem não espera recado.

Essa sombra que é a alma 

de quem só por dentro se ilumina

e surpreende, e por fora é 

apenas tarde Como é 

amargo não pode guardar-te

em chão mais próximo do coração.'

(Daniel Faria)

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/// dos meus azuis

 ' Não nos conhecemos no silêncio, mas apenas

 através de uma coleção de imagens, pensamentos e sentimentos.

Essa tagarelice e devaneio,

 que não dou conta, é uma defesa ,

um medo  de não encarar a mim mesmo.'

( Jeff Foster)

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(azul petróleo) 

/// “No quiero que te vayas”

Dizem que nas madrugadas ficamos em estado alfa ,amplia-se a memória

criativa em nível prazeroso, assim ou assim ...  acontece acordar já

cantarolando bocados de ternura açucaradas. E, ao longo do dia há

o  tédio dos nadas  ... e resta se perder nas trivialidades, que

sem elas como atravessar os devaneios das noites indormidas? 

       - releio algumas conversinhas,quase antigas _ adoro a escrita dele,

é viva, instigante, provocativa, cheia de poesia e algumas vezes

 nada compreensível  ...

    e o dia segue ,tedioso, silencioso, calmo ,quase feliz,não fosse

 a espera de algo que não vem. Saio a cata de algum lugar onde

 encontrar umas florzinhas miudinhas para enfeitar a sala,

 longe da felina que adora cheirar e sempre estragar . 

Só  falta agora, querer ler o que escrevo. 

...

Enfim ,  podes,por favor

'dar abrigo a uma ave  de asa partida,

 aconchegando-a no peito?'

( agosto, 2024)

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(imagem , da web )

// recorte diário

"Toda manhã fui a flor impaciente

 por abrir

 Toda manhã fui ardor do sol no

 teu telhado

 Toda manhã fui ave ou

 sol ou flor 

       secretamente, ao pé de ti."

(Eugênio de Andrade)

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/// das cartas e confetes _ Parte VIII

Estou precisando de ti para conversar um pouco.

Para falarmos do tempo e daquele café que

 combinamos beber juntos.

 Dos  livros e das poesias que trocamos.

Para discordar mais um pouco das coisas de sempre_lembrar

 dos ciúmes bobos e sem sentido.

Precisamos falar sobre as viagens que nunca 

fizemos . Preciso te contar sobre meus filhos

 e saber das tuas filhas.

Preciso das tuas escritas, dos teus cadernos , das tuas janelas.

 E quem sabe me contar mais sobre as namoradas, aquela que lembra

o sabor dos bons-bocados. 

O que eu quero mesmo é dividir o presente.

 Estou com saudade da tua voz que

não ouço, do teu olhar que não vejo e desse sorriso tímido 

que penso ser só teu.

 Saudade das cartas e dos confetes que enfeita a vida. 

 A minha alma está acinzentada.preciso do teu colorido.

 Que tal ,me responder? 

(2024, junho)

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/// um lapso de interferência

Foi tudo um mal entendido.

o Blogger reconsiderou e me devolveu as duas contas,sem

 explicar o motivo da crise temperamental .

Assim como foi, voltou ! 

Aqui estou novamente, com meus devaneios, minhas leituras nos blogs

amigos e com as fotografias que vou colhendo aleatoriamente .Ou não.

Foram poucos dias que nem deu para perceber minha ausência ,mas 

foi intensa a sensação do sumiço dos blogs e as tentativas de recuperá-los.

Quero especialmemte, declarar meu agradecimento ao meu  amigo querido

ToninhoBira ,que foi meu técnico criando alternativas ,pesquisando e

me dando apoio total durante esses dias.

Seguimos certos de que 'longe não existe'

e estejamos prontos para 

quaisquer outras crises . Agora, vamos dormir... segundo Anais Nin

os sonhos são necessários para a vida.

 :))

(22.55 , julho, 2024)

(fotografia, enquanto isso ... minha gata é que dormia o sono dos justos) 

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/// das tentativas ...

 Aviso aos amigos ; _ não estou conseguindo acessar meus blogs , está incomprensível a razão. O que posso fazer é ficar tranquila e aguardar o Blogger sair da crise e me tirar também...  Pedi socorro ao amigo Toninho ,e ele que tem me dado o suporte técinico, possível e de longe . Aos poucos vamos resolvendo a charada e 
exercitando a paciência Abraços a todos

_ a flor é para que floresça aí alguma ideia brilhante...

( não consigo visualizar o blog , só a página onde escrevo_ tudo estranhíssimo_ consigo publicar os comentários,quem souber entender me diga :))) 

(2024/ 07 /28)

/// ... e se prolongam as horas

Gosto das estrelas.

Quase nunca vejo . Na cidade se escondem.

Como os segredos . Como os deuses.

Encantam, flertam,  brilham, explodem, desmoronam e saem de órbita.

Assim do nada_ distraem, piscam, desaparecem.

Fugazes e transitórias.

Contudo ,ainda fico pensando no brilho que deixarm e gosto

 de simular que vou ainda vê-las. De outro modo.

Aquela cadente  que inspira , encanta , arrebata. 

Doces inconsistências.

(junho, 2024)

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( fotografia,_deu saudade da minha janela , no Rio de Janeiro,niteroi)

/// o ritmo e a travessia

'Não se desliza ,pela flor do jardim

sem despenteá-la, dividi-la em pistilos e pétalas.

O toque , se não o do vento, é sempre imperfeito ...

Toda mão tem medo da flor que ama'

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// talvez pétalas talvez não

"Todos os dias   todas as horas    todos os meses

a gente se encontra  com esses  talvezes a gente

se encanta com esses talvezes a gente atravessa

às avessas o tempo        desses talvezes que nos

abraçam.      Todos os dias  é dia de não resposta

 todos os dias     todas as horas    a todo momento 

abrasa um vento a dizer :        talvez eu desalinhe

teu silêncio  talvez eu grite talvez evite

talvez fique triste talvez fique alegre Talvez."

 ...

(Lázara Papandrea)

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// não jogue fora as cartas ...

... estão cheias de fotografias.

O tempo passará, apagar-se-á o desejo,essa flecha sem rumo.

Passarão os anos.Cansar-te-ão os livros. 

 Poderás  perder até mesmo a poesia.

 Aquela  tua poesia que fizestes pensando nela.

  Tens o ruído das cidades e  das distâncias.

A surpresa das nevascas. As chuvas manhosas.

Pode ser a tua música.

E, as cartas de  amor ,se houveres guardado, será tua Literatura.

É como se a francesa Annecy inteirinha, fosse tua.

Não jogue fora.

(compondo junto com JoanMargarit) 

: ))) 

(Junho, 2024) 

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/// a vida breve

"Meu amado me diz que sou como maçã

cortada ao meio.

As sementes eu tenho é bem verdade.

E a simetria das curvas. 

Tive um rubor na pele lisa

que não sei se ainda tenho.

mas se em abril floresce a macieira 

eu maçã feita e pra lá de madura

ainda me desdobro em brancas flores

cada vez que sua faca 

me trespassa."

(Marina  Colasanti)

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