Svoboda | Graniru | BBC Russia | Golosameriki | Facebook
Mostrando postagens com marcador tempo. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador tempo. Mostrar todas as postagens

sábado, 12 de maio de 2018

Egotrip


Foi um ano de perdas e ganhos.
Um ano de tantas voltas! E tantas emendas de vida!
O meu ano começou com festa. De arromba. Foi uma festa de despedida de um momento da vida. Toquei ao piano a valsa do Adeus. Foi por acaso, mas não foi aleatório. Foi como se aos 45 eu fechasse livros, ciclos, possibilidades. Foi como se eu reunisse gente querida pra dizer que dali pra frente seria diferente.
A festa que bombou na rua da Glória foi a vernissage da minha metamorfose. Foi um ano de menos medo. Menos solidão. Mais força. E um ano anunciando uma mulher madura, minha festa de debutante para apresentar quem eu sou.
Apostando no ciclo virtuoso do amor como escudo a todo o resto negativo. Dando a cara a tapa na vida, abrindo as opiniões e enchendo os pulmões para dizer: que felicidade não ser unanimidade! Que alegria ter as minhas!
No meu mundo ideal todas as pessoas são felizes, mas tenho as minhas. Tenho a lista dos afetos.
Foi um ano de lagarta, me assustando com minhas reações, não entendendo a solidão voluntária de tantos momentos prazerosos. Demorou. Mas caiu a ficha. Quando as asas surgiram, coloridas e para o mundo, entendi.
Sou uma mulher madura que quer ser feliz. Só quero do meu lado gente que me faz bem. Só patrocino alegrias inteiras.
Sim, tem gente que eu prefiro não falar. Algumas, preferia nem conviver.
O "Não" dito docemente é um remédio eficaz!
E uma alegria em pleno inferno astral me soa fora de hora! Como se eu tivesse tomado uma vacina. Não me iludo. Continuo saudosista, continuo nostálgica. Continuo com uma lágrima sempre pronta a explodir. Mais de alegria que de tristeza.
Mas tem um poder, aquele de saber que o abismo é sempre mais à frente, que tudo passa, que o tempo não vai parar pra enxugar as minhas lágrimas e que, por isso mesmo, talvez seja o meu maior aliado. Sim! Eu marcando na folhinha os 46 anos, estou aliada ao tempo.
Foi um ano em que comecei a ouvir minha própria voz. Um ano em que deixei que outras pessoas também a ouvissem. Minhas ideias que sempre pulularam entre o peito e a mente, agora saem pela boca.
E se me perguntarem o que vai ser daqui pra frente, nem sei responder. Mas sei que daqui pra frente sou eu. Eu com minha verdade vital. Eu com a coerência de quem é controversa.
Muito prazer! Eu sou eu mesma. Vou comemorar com uma festa bem íntima o bem que eu tenho me feito. Os horizontes andam se abrindo. E vejo novas visões. Capto momentos com uma sintonia mais fina.
O corpo, este tem mudado. E eu tenho uma enorme gratidão por tudo o que ele me faz. Me leva, me deita, me dá prazer. Uma parceria das antigas. 
Sigo. E somente por isso, tudo já está valendo a pena.



segunda-feira, 30 de novembro de 2015

Férias para a dor


Antes me dói a dor do outro.
Mais fácil do que sentir a minha.
Mais altruísta, menos trabalhoso.
A dor do outro não me cura.
Nem me adoece.
Uma saudade permanente, uma inquietude sem nome.
Me atrapalha a vida. Isso. A vida me atrapalha.
Agora mesmo, escrevendo, preciso parar inúmeras vezes. Atender o telefone, assinar um documento, responder a alguém.... Eu querendo me conectar comigo mesma e a vida me puxando pra fora. Minha viagem para dentro sendo interrompida.
Eu mesma não aguento o peso das horas, dos dias, dos anos.
Antes me dói o futuro, que é incerto.
Porque o passado em mim já simbiótico, camufla-se.
Reveste-se de memória,
Fantasia-se de falsos pesadelos,
Enfeita-se de antigos aromas.
Preciso de férias para minhas viagens internas.
Como companhia. eu mesma.
Respeitando minha dor.
Quem serei eu hoje sem a dor que carrego?
O que me edifica e o que me destroi?

segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

Tempo roubado




A ladra sou eu.
Tenho roubado meu tempo
Enganada por ondas de satélite
Envolvida por relações de gelo.
Eu mesma ligo para o seqüestrador do meu tempo.
Tenho a senha, a conexão.
E sou uma refém voluntária,
Sem possibilidade de volta,
Sem resgate para pagar.

Roubo a mim mesma
E o produto deste delito 
Olho no olho,
Afeto de filho,
Frase dita em momento impreciso...
É mercadoria sem volta.

Se posso acessar no meu mundo imaginário quantas vezes quiser o momento passado,
Na vida real perco o link.
Não resgato o endereço IP.
O mote passou e não foi gravado, ninguém curtiu.

Visito o site da prisão pra ver se alguém está me vendo. 
Estou na sala de estar, sentada na poltrona
alheia à vida real.
 
 Fiquei sem comentário.

Horizonte

 Pausar.  Simples e necessário! Tempo restaurador. Arrumar as gavetas da cabeça, acariciar a alma, alentar as dores, afagar os prazeres. Fec...