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Matança da Páscoa (Golpe de 11 de março de 1975)

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A Matança da Páscoa, também conhecida como operação matança da Páscoa, é a designação de uma suposta operação militar de preparação de um golpe de estado em Portugal, em 1975, atribuída por certos comentadores ao Partido Comunista Português, apoiado pela União Soviética e seus aliados, que passaria pelo assassínio de várias personalidades contrárias a Moscovo.

Os receios causados pela divulgação desta suposta operação desencadearam o fracassado golpe de 11 de Março de 1975, culminando no exílio de Spínola.

A 8 de Março de 1975, António de Spínola foi avisado por várias embaixadas que estaria em marcha a operação da "Matança da Páscoa".[1] Entre as personalidades a abater estariam 500 oficiais e 1000 civis apoiantes do antigo presidente Spínola.[2] A mesma informação foi comunicada por Barbieri Cardoso do ELP a organizações da extrema-direita militar lideradas pelo general Tavares Monteiro.[2] No dia 9 de Março, o tenente Carlos Rolo volta de uma visita a Espanha com a mesma informação[3], que diz ser do D.G.S. espanhol.[4] O major Morais Jorge, então afastado do RAL 1 na sequência de um conflito com o coronel de artilharia Diniz de Almeida que liderava o RAL 1, sendo vincadamente contra as posições tomadas pelo MFA, indica a Spínola que a LUAR e elementos dos Tupamaros estavam no RAL 1 para serem co-executantes.[5]

Esta circulação de rumores impulsionou Spínola a reagir, tendo-se abscondido, abandonando a sua residência com barbas postiças com a mulher,[5] e montado de forma mal preparada e mal organizada o golpe de 11 de Março de 1975.

Vasco Lourenço, implicado nesta alegada acção, declarou mais tarde que não havia lista nenhuma na operação matança da Páscoa. Declarou terem sido serviços de informação americanos ou russos que puseram a circular essa ideia com o fim de «lançar a casca de banana aos spinolistas».[6] A mesma opinião seria partilhada por Manuel Alfredo de Mello [7][8]: «…foi estendida uma casca de banana ao Spínola e os seus apaniguados caíram, deixando a retaguarda de um lado da resistência ao PCP desmantelada».[6] Ainda hoje não é conhecido com certeza a origem da informação dada a Spínola, se foi pelos serviços secretos espanhóis, franceses, ou se foi um boato começado em solo nacional, por motivo incerto.[1]

Sobre agosto de 1975, no Verão Quente, aquando da publicação em 2014 de documentos do Departamento de Estado dos Estados Unidos referentes à política externa norte-americana entre os anos 1969–1977, foi divulgado que Frank Carlucci e William Hyland encaravam António de Spínola como sendo àquela data o maior risco para os objectivos norte-americanos. Kissinger, que já vaticinara antes sem sucesso que os comunistas iriam matar dirigentes políticos opostos, então alinhava-se por apoiar um golpe da extrema-direita.[9]

  1. a b Noronha, Ricardo (2016). «Anatomia de um golpe de estado fracassado». Ler História: 71–87. ISSN 0870-6182. doi:10.4000/lerhistoria.2487. Consultado em 3 de junho de 2024 
  2. a b «Cronologia da revolução - Março». Centro de Documentação 25 de Abril - Universidade de Coimbra. Consultado em 4 de abril de 2014 
  3. Guerra, João Paulo (11 de março de 1989). «Nos Idos de Março: O Reverso dos Cravos». O Diário 
  4. «Boletim Informativo do Movimento das Forças Armadas» (PDF). Instituto Hidrográfico. Boletim Informativo do Movimento das Forças Armadas (16). 23 de abril de 1975 
  5. a b Noronha, Ricardo (30 de dezembro de 2016). «Anatomia de um golpe de Estado fracassado: 11 de março de 1975». Ler História (69): 71–87. ISSN 0870-6182. doi:10.4000/lerhistoria.2487. Consultado em 27 de junho de 2024 
  6. a b Cristina Ferreira (10 de abril de 2000). «Sob o espectro da "Matança da Páscoa"». Público. Consultado em 4 de abril de 2014 
  7. In Memoriam - Jorge de Mello 1921-2013
  8. O empresário que esteve no exílio duas vezes - artigo de [Luís Villalobos] no jornal Público, 15 de Novembro de 2013
  9. «Kissinger queria golpe de estado de direita em 1975». Público. 23 de agosto de 2014. Consultado em 25 de agosto de 2014 

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