Práticas alimentares

Este texto, versão preliminar, orientou minha aula de 15 de setembro de 2018, quando abordei a importância do Patrimônio da Alimentação e discuti algumas possibilidades de leitura das receitas culinárias. Este projeto foi organizado pelo Museu Republicano  "Convenção de Itu"/ USP e Secretária de Educação de Itu/ SP.
This text, preliminary version, guided my class of September 15, 2018, when I approached the importance of the Heritage of Food and discussed some possibilities of reading the culinary recipes. This project was organized by Republican Museum "Convenção de Itu"/ USP and Secretary of Education/ Itu/SP.

O presente artigo analisa, a partir de uma perspectiva socioantropológica, práticas alimentares de habitantes de uma comunidade quilombola da Amazônia brasileira. As terras onde vivem são cercadas por grandes fazendas de criação de gado que, em geral, pertencem a grandes fazendeiros, homens influentes na vida política regional. O cercamento das terras gera como principal dificuldade a falta de espaço para plantar e cultivar alimentos para consumo próprio. O principal acesso aos alimentos necessários para sobrevivência acaba sendo pela forma de compra e dependência do mercado local, acarrentando assim modificações nas representações e práticas alimentares cotidianas. A técnica de investigação escolhida para a realização do trabalho foi uma pesquisa etnográfica onde se privilegiou a observação participante, aplicação de formulários, entrevistas e oficina de desenhos com as crianças da comunidade.

Palestra ministrada aos alunos da graduação em História do CEUNSP-Itu, em 27 de outubro de 2016.
Tema: História da Alimentação
Trata-se nesta palestra dos rituais da alimentação no Brasil (1860-1940), analisados a partir dos cardápios de jantares formais. Os "menus" descortinam detalhes sobre o serviço de mesa e os alimentos disponíveis aos comensais.
No caso desta palestra, utiliza-se "menus" preservados nos arquivos do Centro de Memória da Unicamp, Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, Casa de Rui Barbosa, Museu Republicano.
Por outro lado, os cadernos de receitas são indicativos de consumos alimentares. O léxico da receitas culinárias, para usar o termo adotado por Luce Giard, permite ao historiador da alimentação ler as instruções sob diferentes ângulos. Portanto, é possível apreender do manuseio e escolha dos ingredientes até a iguaria pronta para ser consumida.

O estudo, financiado pelo CNPq/MCTI, realizado pelo Grupo de estudos e pesquisas em Cultura, Alimentação e Saúde (Casa/UnB) e pelo Mestrado Profissional em Sustentabilidade junto à Povos e Territórios Tradicionais (MESPT/UnB), em parceria com o Centro de Agricultura Alternativa do Norte de Minas (CAA), além de  outras instituições e grupos de pesquisa, teve como objetivo caracterizar o sistema agroalimentar tradicional da Comunidade Geraizeira do Pau D'Arco (situada entre os municípios de Montezuma e Santo Antônio do Retiro, no estado de Minas Gerais). De forma participativa e dialógica, buscou-se inventariar saberes e práticas tradicionais associados ao alimento, contribuindo para o registro das interfaces entre o sistema produtivo e o sistema alimentar na comunidade.
A publicação eletrônica, fruto da pesquisa, conectou linguagem acadêmica, literária e visual em um relato vivo e dinâmico sobre a roça, e prosa e o fogão do povo geraizeiro do Pau D'Arco.

Resumo: Os manuscritos culinários têm sido objeto de pesquisa de vários estu- diosos da alimentação, porque revelam detalhes sobre as práticas alimentares de um segmento social, num período específico. Analiso as receitas de comida registradas por Custodia Leopoldina de Oliveira, Anna Henriqueta de Albuquerque Pinheiro e Barbara do Amaral Camargo Penteado com o olhar voltado às transformações que ocorrem na forma de redação das instruções culinárias. Trata-se de uma escrita doméstica e eminentemente pessoal, muitas vezes cifrada, perpetuada ao longo de séculos, que se mostrou suscetível às novas incorporações e práticas culturais, sociais e econômicas da sociedade paulista, especificamente campineira, no período entre 1863-1940.

Abstract: Culinary manuscripts have been made object of research by several food history academics, since this material reveals details about the eating habits of a social segment in a given period. I analyse the food recipes that have been registered by Custodia Leopoldina de Oliveira, Anna Henriqueta de Albuquerque Pinheiro and Barbara do Amaral Camargo Penteado in the light of the transformations that occur in the writing style of culinary instructions. It is a domestic and eminently personal text, often encrypted, which perpetuated for centuries and has shown susceptibility to new incorporations, as well as the cultural, social and economic practices of the paulista society, specifically campineira, in the period between 1863-1940.

Analisam-se, no presente artigo, os usos e costumes compartilhados por alguns segmentos da sociedade paulista, especificamente Campinas, entre os anos de 1850-1900. Detenho-me aos espaços domésticos destinados ao convívio social, mas com um olhar que vai além da análise arquitetônica. Focalizo um dos domínios mais elucidativos da cultura, a casa.  As informações sobre os modos de morar foram extraídas dos inventários post mortem o que possibilitou identificar processos de transmissão de bens de uma geração à outra, a opulência material dos residentes na cidade e corroborar a hipótese de que Campinas, na segunda metade do século XIX, vivenciou um processo de modernização e sofisticação nas formas de morar e receber convidados – momentos de sociabilidade proporcionados pelos jantares e banquetes oferecidos pela elite cafeeira a seus pares.