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Brasil

Pesquisadores de SP identificam caso de reinfecção por variante de Manaus do coronavírus

Paciente, uma mulher de 26 anos, teve sintomas considerados leves; diagnóstico de nova cepa depende de sequenciamento genético
Hospital de campanha Pedro Dell'Antonia, na cidade de Santo André, na Grande SP Foto: Edilson Dantas / Agência O Globo (25/03/2021)
Hospital de campanha Pedro Dell'Antonia, na cidade de Santo André, na Grande SP Foto: Edilson Dantas / Agência O Globo (25/03/2021)

SÃO PAULO — Pesquisadores da USP comprovaram o primeiro caso de reinfecção causada pela variante brasileira do coronavírus, a P1, no município de Araraquara, no interior paulista. A paciente é a analista de crédito Sueli Oliveira, de 26 anos, que contraiu o coronavírus pela primeira vez em setembro de 2020 e voltou a ter diagnóstico positivo no início de fevereiro deste ano. Nas duas infecções, a jovem teve sintomas leves, sem necessidade de internação.

Segundo Camila Romano, pesquisadora do Laboratório de Investigação Médica do Hospital das Clinicas e do Instituto de Medicina Tropical (IMT) da USP e uma das responsáveis pelo estudo, a diferença entre as duas infecções foi de 128 dias. O caso, descrito pelos pesquisadores do IMT, será publicado na plataforma MedRixiv e ainda não foi submetido a revisão por outros cientistas.

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Este é o primeiro estudo de reinfecção pela variante P1 identificada em Araraquara, que realizou 10 dias lockdown em fevereiro passado, com suspensão da circulação de pessoas — os moradores só puderam sair para trabalhar em atividades essenciais, para atendimento médico ou compra de remédios. Com as restrições, o número de casos na cidade diminuiu pela metade. Hoje, 93% das infecções pelo coronavírus são causadas pela P1, segundo a Secretaria de Saúde do município.

A identificação de reinfecções por variante é complexa, pois depende da realização de sequenciamento genético das amostras colhidas nos testes RT-PCR. No caso de Sueli, o sequenciamento foi feito com base no material coletado na segunda infecção.

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— Na prática clínica é observado aumento nos casos de reinfecção, mas não pode ser associado apenas à presença da variante P1. Se tivéssemos apenas a linhagem antiga, poderíamos também ter reinfecção — diz Camila.

Sueli lembra que os primeiros sintomas ocorreram no fim de janeiro, mas como havia testado positivo em setembro, poucos meses antes, acreditou que era apenas uma gripe. Mesmo assim, foi afastada do trabalho por 10 dias. Ao retornar à empresa, ainda com tosse, foi submetida ao teste de RT-PCR.

A jovem afirma que os sintomas foram parecidos nas duas infecções. Na primeira, teve forte dor de cabeça, tontura, enjôos, diarreia. Não teve febre nem falta de ar, mas perdeu o paladar. Ela acredita que pegou do marido, que testou positivo dias antes. Atendida por médicos de um plano de saúde, ela foi medicada com antibiótico, xarope e dipirona.

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Na segunda vez, segundo a jovem, os sintomas foram praticamente os mesmos, mas o médico da operadora receitou cloroquina — as entidades médicas desaconselham o uso deste medicamento. Ao término do período crítico da doença, que gira me torno de 15 dias, Sueli passou a sentir dores nas pernas e no pé, atribuídas a reumatismo, e mantém sintomas como tontura, náuseas e dor de cabeça

— Não sei como peguei. Segui todos os protocolos da empresa, uso máscara. Me dá desespero e passei a ter medo de sair na rua. Quando tenho de sair me dá falta de ar, palpitação. A doença desencadeou o medo — afirma a jovem.